Militantes do
PSDB posando para fotografias ao lado de um display de papelão do candidato
Aécio Neves em tamanho real na convenção do partido e um jornalista que
confundiu o sósia do Felipão com o verdadeiro. Qual a secreta conexão entre
esses dois episódios? O estranho desejo humano de querer ser enganado. E a
filosofia da percepção e a neurologia podem explicar isso. Por que pacientes
que sofriam de afasia global e agnosia tonal ridicularizaram um discurso na TV
do presidente Ronald Reagan em 1985 enquanto os receptores normais o
consideravam um “grande comunicador”? Talvez o caminho seja entender a natureza
das “imagens-afecção” e a solução do enigma do porquê demoramos meio segundo
para ter consciência das decisões que o nosso próprio cérebro teve. A
contra-tática para combater a canastrice na política pode estar nas mão dos
filósofos da percepção como Brian Massumi e em neurologistas como Oliver Sacks.
As imagens dos
bonecos de papelão do candidato Aécio Neves na convenção do PSDB para que
militantes posassem ao lado do display e a “barriga” jornalística cometida pelo
colunista Mario Sergio Conti que confundiu o sósia com o verdadeiro Felipão revelam um
secreto sincronismo: o estranho desejo humano de querer ser enganado.
Em postagem
anterior discutíamos como era possível que ainda hoje a opinião pública ainda seja
mobilizada por táticas publicitárias e de propaganda tão estereotipadas,
exageradas, com personagens tão canastrões, caricatos, com gestos, expressões
faciais e poses tão overacting.
Péssimos atores que não conseguiriam passar pelo mais simples teste de seleção
do cast do filme de mais baixo
orçamento - sobre esse tema clique aqui.
Assistindo ao filme O Grande Ditador de Chaplin,
somos dominados por uma estranha sensação ao se questionar sobre quem teria
inspirado quem: a pantomima de Chaplin também estava presente nos gestuais e
discursos de Hitler e Mussolini. Quem se inspirou em quem? O gênio de Chaplin
não foi o de fazer uma caricatura genial de um ditador, mas de revelar a todos
que na política levamos a sério maus atores – Chaplin mostrou de uma forma
profissional o que Hitler e Mussolini faziam de forma canastrona.