quinta-feira, dezembro 31, 2015

Filme "Deep Dark" atualiza a simbologia fantástica do Buraco


O terror independente “Deep Dark” (2015) é um exemplo de como arquétipos são os principais elementos na composição atual de argumentos e roteiros para filmes. Certa vez, diretor Michael Medaglia imaginou uma cena do buraco em uma parede de onde saiam mensagens misteriosas.  Achou a cena interessante. E todo o resto da narrativa cresceu em torno dessa imagem. Em muitos aspectos “Deep Dark” assemelha-se a “Quero Ser John Makovich” de Spike Jonze ao colocar um buraco como um elemento fantástico, misterioso e aterrorizante. Com isso, “Deep Dark” aproxima-se da recorrência simbólica do buraco como símbolo mágico e sagrado em todas as culturas: da China e Índia antigas, passando pelo surrealismo das obras de Salvador Dali até chegar ao “Mar de Buracos” da animação “Yellow Submarine” dos Beatles. Filme sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende.

Desde que Lewis Carroll escreveu a história de uma menina chamada Alice cuja narrativa começa com a protagonista caindo na toca de um coelho para conhecer um estranho mundo chamado “País das Maravilhas”, a ficção Ocidental mergulhou junto no antiquíssimo simbolismo dos buracos e cavernas como ante-câmeras de mundos e deuses.

terça-feira, dezembro 29, 2015

No Sexto Aniversário o blog lança o "Projeto Cinegnose 360 Graus" e busca assinantes


Nesse sexto aniversário do “Cinegnose”, o blog chegou a uma massa crítica de conteúdo e conhecimentos. Portanto, chegou a hora do blog dar um salto qualitativo. Para comemorar seu sexto aniversário, o blog lança o “Projeto Cinegnose 360 Graus”: a expansão do conteúdo do blog em exclusivas publicações como livros, revistas e camisetas (sim! As camisetas tornaram-se uma das principais mídias de tendências contemporâneas), além de um canal no YouTube com críticas cinematográficas de lançamentos e temas culturais. Para esse Projeto tornar-se realidade o blog iniciará em janeiro uma campanha para criar uma base de assinantes que além dar sustentação financeira à iniciativa, receberá produtos exclusivos resultantes do olhar em 360 Graus sobre o Gnosticismo no cinema e cultura pop.

Nesse mês o Cinema Secreto: Cinegnose faz seis anos. Ao longo desse tempo foram analisados mais de 400 filmes, resultando numa lista, até aqui, de 66 filmes gnósticos.

Esses filmes foram a base para a discussão das consequências culturais e  científicas que as temáticas dessas produções sugerem: Sincromisticismo, Parapolítica, Cartografias da Mente e as conexões entre conceitos da Física Quântica e Gnosticismo.

domingo, dezembro 27, 2015

Curta da Semana: "Dinner For One" - tenha um final de ano politicamente incorreto


Por que TVs europeias, principalmente alemãs, a cada 31 de dezembro exibem um velho curta em preto e branco chamado “Dinner For One”, desde 1963? Alemanha, Leste Europeu e países nórdicos exibem todo final de ano o curta original ou versões com um humor mais politicamente correto. “Dinner For One” é a síntese da fleugma e humor negro inglês: uma senhora da alta sociedade comemora seus 90 anos e um mordomo finge servir a convidados em uma grande mesa de jantar com cadeiras vazias – são os lugares de amigos de outras comemorações, já falecidos. Um bizarro mix de embriaguez involuntária, morte e aniversário. Por que a cada final de ano os europeus continuam assistir fascinados a esse estranho curta?

sábado, dezembro 26, 2015

Fenômenos quânticos revelam universos paralelos em colisão


A hipótese do “multiverso” (a ideia de que nosso Universo seria apenas um em um número infinito) não é uma novidade na Física e na Filosofia. Recentemente essa hipótese se associou à busca por físicos de uma “assinatura cósmica” que comprovasse que o Universo seria uma simulação computacional finita, aproximando ainda mais à Física da antiga mitologia gnóstica. Agora, um trio de físicos da Austrália e EUA publicou um artigo científico onde explora a possibilidade de universos paralelos estarem  colidindo entre si. E os estranhos comportamentos das partículas subatômicas revelado pela mecânica quântica nada mais seriam do que os interstícios desses mundos se encontrando. As implicação filosófica da pluralidade de mundos é evidentemente gnóstica. Mas, os físicos apontam para uma surpreendente aplicação dessa hipótese: o estudo da dinâmica molecular das reações químicas de drogas.

Existem universos alternativos? – mundos onde jamais os dinossauros foram extintos por algum asteroide que caiu na Terra ou onde a Austrália foi colonizada pelos portugueses ao invés dos ingleses.

terça-feira, dezembro 22, 2015

Pôsteres de "Central do Brasil" e "Que Horas Ela Volta?": coincidência ou sincronicidade?


Uma incrível semelhança entre os pôsteres promocionais dos filmes brasileiros “Central do Brasil” (1998) de Walter Salles e “Que Horas Ela Volta?” (2015) de Anna Muylaert. O “Cinegnose” não acredita em coincidências, mas em sincronicidades: os dois filmes são apontados como obras-símbolos de duas eras: o primeiro filme, a era FHC; o segundo, a era Lula. Por que os dois pôsteres recorrem à mesma composição imagética? Há algo que os une, mesmo com um intervalo de 17 anos: como filmes-símbolos de cada época, representam iconicamente passado versus futuro; novo versus velho. Além de cada um desses filmes expressarem as condições pelas quais foram produzidos: em 1998 uma co-produção Brasil/França e em 2015 uma produção Globo Filmes.

Podemos considerar o filme um documento primário de uma época. Através de imagens e movimento expressam o imaginário e sensibilidade de cada época. E também as condições de produção através das quais foi realizado.

domingo, dezembro 20, 2015

Curta da Semana: "Treevenge" - a vingança das árvores de natal


Nessa época do ano surgem na Internet várias listas de filmes que fazem paródias com muito humor negro sobre o espírito do Natal. O curta canadense “Treevenge” (2008) é mais um exemplo – pinheiros arrancados da floresta por cruéis lenhadores para serem explorados no mercado de decorações natalinas planejam uma sangrenta vingança contra os humanos. Além da crueldade, os humanos ainda adoram as bregas músicas natalinas. O que irrita ainda mais os pinheiros que veem sua dignidade perdida aos serem transformados em árvores de natal no canto de uma sala de jantar qualquer.  Por trás do horror trash de “Treevenge” há ainda mais: Nietzsche e o espírito de Natal transformado em valor agregado dos produtos.

sábado, dezembro 19, 2015

Em Observação: "Patch Town" - bebês e repolhos


Imagine um mundo onde bebês são recolhidos em um campo de repolhos, vendidos para as crianças como bonecas de brinquedo para, depois que crescem, serem recolhidos por um sinistro capataz que os escraviza em uma fábrica, depois de remover suas memórias. Esse é o filme canadense “Patch Town” (2015), um conto de fadas distópico narrado em um mix improvável entre folclore russo, iconografia do comunismo soviético e crítica ao consumismo ocidental. “Patch Town” é mais um filme atual que explora a metáfora de seres humanos como bonecos manipulados por demiurgos.

Título: Patch Town (2015)

Diretor: Craig Goodwill

Plot: Jon (Rob Ramsay) vive em uma pequena vila onde todos os moradores trabalham em uma única fábrica. Repolhos são recolhidos em um imenso campo para passarem na linha de montagem dessa fábrica. Os repolhos são cortados para serem retirados do seu interior bebês se contorcendo; em seguida são colocados em bonecos de plástico para serem vendidos em todo o mundo. Os bebês tornam-se objetos imóveis que continuam a ver, ouvir e sentir a emoção, enquanto que residem em cima da cama de alguma criança. O que Jon não percebe é que ele e todos os seus pares na fábrica já foram, uma vez, esses bonecos: quando os bebês crescem, os brinquedos são roubados pelo sinistro “recolhedor de bebês” e transformados em novos trabalhadores para a fábrica e suas memórias são removidas de suas mentes.

Por que está “Em Observação”? – Ao fazer essa espécie de contos de fada distópico, o diretor certamente tinha em mente Brazil, O Filme de Terry Gilliam e Ladrão de Sonhos de Marc Caro – sobre o filme clique aqui. Um filme ambicioso que combina a iconografia da era soviética, folclore europeu, pitadas de números musicais e crítica ao consumismo ocidental.


Quando estamos diante de um filme cujos temas passam pela prisão/escravidão a partir da remoção de memórias, estamos em uma narrativa com um evidente sabor gnóstico. Isso sem falar da analogia entre bebês e bonecas – a filmografia recente está repleta de filmes onde fantoches, autômatos e bonecos são metáforas da própria condição humana nesse mundo: as relações homem/autômato ou homem/Deus onde algum Demiurgo nos manipularia. Um imaginário construído desde Platão nos diálogos As Leis e A República: a metáfora de cada ser vivo como um fantoche ou o jogo de sombras que os prisioneiros veem na parede da caverna como fosse a própria realidade.

 Patch Town explora ainda o curioso folclore russo que envolve bebês e repolhos. Por centenas de anos o repolho tem sido uma parte importante na dieta e remédios caseiros na Rússia. Até o século 16, era um costume na Rússia colocar recém-nascidos em folhas de couve, antes de serem lavados e vestidos. As folhas eram suficientemente grande e disponíveis quase por todo o ano. Depois, a cada banho, os bebês eram envolvidos em camadas de tecidos, como fossem folhas de repolho.

Talvez aí estejam as origens arquetípicas do porquê quando muitos pais são confrontados pelos filhos sobre questões das origens das crianças, contam histórias de cegonhas fazem entregas de crianças recolhidas em campos de repolho.

O repolho tem uma forte história de ser destaque na música, arte e literatura em todo o mundo. Por exemplo, em The Cabbage Patch Mother, do escritor russo Petrushevskaya, é narrada a história de um bebê chamado Dewdrop, que nunca cresce. Ele é esquecido é deixado em uma plantação de repolhos. Mais tarde a mãe descobre que Dewdrop tornou-se um desajeitado e enorme bebê chorão.


Patch Town é uma versão estendida do curta homônimo de 26 minutos feito em 2011, premiado em diversos festivais como de Toronto e Fantasporto – festival de cinema fantástico na cidade do Porto em Portugal.

Além do sabor gnóstico que Patch Town promete – perdas de memórias, escravidão, além da figura sinistra do “recolhedor de crianças”, uma espécie de capataz que vai nas casas buscar as crianças crescidas no interior das bonecas – há uma irônica crítica ao consumismo e infantilização da cultura: o filme explora a ideia de que crianças modernas crescem rápido e logo vão querer brinquedos mais adultos. O “recolhedor de crianças” as sequestra e reconduz à fábrica onde se tornarão trabalhadores em linhas de montagem e ávidas consumidoras de inutilidades da sociedade de consumo.

O que confirma o sombrio diagnóstico certa vez feito por Freud negando o suposto amadurecimento psíquico que acompanharia o crescimento: o adulto não passa de uma criança crescida.

O que promete?O espectador deverá preparar-se para um humor escatológico e negro. A combinação parece ser muito bizarra: folclore russo misturado com a iconografia da era do comunismo soviético, crítica à sociedade de consumo capitalista e sequências musicais com canções e danças. A crítica norte-americana define o filme como “loucura gonzo carnavalesca”. Mas temos que levar em conta que para os americanos, os canadense são um povo muito estranho...



quinta-feira, dezembro 17, 2015

"Star Wars: o Despertar da Força" mas... o que é "A Força"?


Há muito tempo em uma galáxia muito distante não havia Deus... mas “A Força”. “Star Wars” foi o ápice da popularização do Panteísmo no Ocidente, iniciado com os Beatles nos anos 1960. Conceito tomado do livro “Relatos de Poder” de Castaneda, George Lucas nunca deixou clara as conexões teológicas do termo “A Força” com alguma religião em particular, mas há evidentes ligações com cosmovisões budistas, taoístas e nas atuais religiões New Ages. Mas o panteísmo de “Star Wars” é bem diferente: na saga, a “Força” ora é uma energia cósmica impessoal, ora uma entidade inteligente que manipula deliberadamente os eventos em busca do “equilíbrio” como fosse Deus, ora um instrumento de poder dos Jedi. Estamos no panteísmo hollywoodiano onde o confronto entre Bem e o Mal busca um equilíbrio sem redenção final para que a franquia torne-se uma narrativa transmídia e se expanda infinitamente em múltiplas mídias e plataformas.

Assistir à saga Star Wars chega a ser uma experiência quase religiosa.

A série salvou os estúdios da 20th Century Fox da falência em 1977, criou o padrão blockbuster de comercialização em Hollywood (onde um filme cria franquias de jogos, brinquedos etc.), e foi tão influente que fez o presidente dos EUA Ronald Reagan a chamar seu novo dispositivo de defesa militar durante a Guerra Fria nos anos 1980 de “Guerra nas Estrelas”.

Além de ser o primeiro “filme recuperativo”, série de retro-fantasias que se contrapôs à chamada Nova Hollywood – conjunto de filmes críticos e realistas dos anos 1970 como Taxi Driver, com Robert De Niro, e Um Estranho no Ninho, com Jack Nicholson. Depois de Star Wars vieram Indiana Jones, E.T., De Volta Para o Futuro, Ghost Busters, etc.

domingo, dezembro 13, 2015

Curta da Semana: "The Box Man" - somos todos homens-caixa?



Um curta inspirado em um livro surrealista do escritor japonês Kobo Abe. “The Box Man” (2003) é uma animação em stop motion que mistura elementos do cinema “Noir” com o Fantástico: em uma chuvosa cidade sombria um homem encontra uma misteriosa caixa de papelão. Algo ou alguém o observa do interior da caixa através de uma fenda. “The Box Man” reflete a atual cultura da paranoia e do medo criada por nós mesmos e como a figura da caixa se transformou em uma estratégia para supostamente nos protegermos.

sábado, dezembro 12, 2015

Filme "Lucia": você foi criado pela ilusão ou a ilusão foi criada por você?


Você foi criado pela ilusão ou a ilusão foi criada por você? Você é parte de um corpo ou o corpo é parte de você? Há espaço dentro da casa ou a casa está dentro do espaço? Para o filme hindu “Lucia” (2013) essas perguntas não são meros jogos de palavras: escondem a estranha natureza da realidade despertada por uma droga chamada “Lucia”. O filme “Lucia” não é um produto de Bollywood, mas do cinema canará da Índia que procura conciliar a estética bollywoodiana (muita música, carrões e mulheres) com séria crítica social e filosófica. Um lanterninha de cinema com sérios problemas de insônia experimenta uma droga chamada “Lucia” que produz sonhos lúcidos – a tal ponto que ele não mais saberá quando está acordado ou dormindo. Filme sugerido pelo nosso leitor Felipe Resende.

A indústria de cinema hindu é a maior do mundo em termos de vendas de ingressos, entre os mais baratos do planeta. A cada três meses um número correspondente da toda população da Índia visita as salas de cinema, de multiplex a pequenos teatros de subúrbios das grandes cidades – os “talkies”.

Paradoxalmente, o cinema hindu (com muitos romances, melodramas e musicais que vendem sonhos de realizações e felicidade) se estabeleceu em uma sociedade com uma antiquíssima divisão religiosa em castas – grau social transmitido por herança que determina toda a existência de um indivíduo. Embora considerado ilegal pela Constituição, a divisão em castas mantém sua força na Índia e já registra mais de três mil classes e subclasses.

quinta-feira, dezembro 10, 2015

"Cinegnose" vê o futuro em escola ocupada


Não veem mais TV, buscam informações na Internet através de dispositivos móveis, ignoram a grande mídia. Suas diferenças em relação ao tripé grande mídia, política e partidos não são ideológicas, mas simplesmente geracionais: já estão imersos em outras formas de organização e de tomadas de decisões. Essas foram algumas das conclusões finais da Oficina “Táticas de Guerrilha Antimídia” realizada por esse humilde blogueiro em escola estadual ocupada em Taboão da Serra/SP nessa semana. Os filmes "Muito Além do Cidadão Kane" e "Obrigado Por Fumar" foram o ponto de partida das discussões.  O "Cinegnose" viu o futuro, e lá não mais estão as mídias, políticas e ideologias de massas que fizeram as cabeças do século passado.

O "Cinegnose" viu o futuro. E ele estava representado de forma fractal no grupo de alunos que ocupam a Escola Estadual Antônio Inácio Maciel em Taboão da Serra. Assim como o fractal na geometria (fragmento que reproduz dentro de si infinitamente o todo), o grupo que ocupava naquela tarde a escola estadual pode até ser considerado pequeno mas certamente é uma amostra de uma nova geração. Uma geração que projeta uma relação com a política e as mídias totalmente distinta da geração dos seus pais e que certamente colocará em xeque as atuais formas de como a mídia e a política se organizam.

segunda-feira, dezembro 07, 2015

"Cinegnose" faz aula pública em ocupação escolar


O “Cinegnose” oferece uma contribuição ao movimento estudantil de ocupação das escolas estaduais contra as medidas de “reorganização” (fechamento) de unidades escolares no Estado de São Paulo. Com a oficina “Táticas de Guerrilha Antimídia” que será ministrada amanhã em escola ocupada em Taboão da Serra, esse blogueiro mostrará o resultado das pesquisas da série “bombas semióticas” iniciada nesse blog a partir das grandes manifestações de rua em 2013. E as táticas e armas de contracomunicação diante do inimigo mais invisível e ardiloso que o movimento estudantil terá: a grande mídia.

domingo, dezembro 06, 2015

Curta da Semana: "The Black Hole" - escritórios são as Matrix atuais


O que você faria se encontrasse no seu local de trabalho uma folha com um círculo preto que revela ser um buraco tridimensional? Você seria dominado pela curiosidade metafísica ou pela possibilidade de ganhos pessoais? Essa é uma das leituras possíveis do curta inglês “The Black Hole” (2008). Com um afiado humor negro, o curta mostra o quanto opressivo pode ser a atmosfera da verdadeiras Matrix corporativas que são os escritórios atuais. Tão opressivas e amorais que são capazes de nos fazer passar batidos diante de um evento potencialmente além da imaginação.

sábado, dezembro 05, 2015

O sobrenatural pode ser digital?


Até aqui nos filmes de terror o Mal, fantasmas e maldições sempre se espalharam principalmente por meio de linhas telefônicas, monitores de TV e ondas de rádio. Isso sem falar das contaminações biológicas pelo sangue ou ar. Ou seja, o Outro Mundo sempre nos alcança no mundo cinematográfico através das tecnologias analógicas e meios físicos. O que dizer então de filmes recentes onde o sobrenatural manifesta-se através das tecnologias digitais como Internet e dispositivos móveis? É verossímil espíritos agirem através de sinais fragmentados e binários? Se os fenômenos ocultos, mágicos ou espirituais baseiam-se em um princípio de semelhança (o Outro Mundo precisa sempre de um meio físico ou contínuo para estabelecer uma ponte com o mundo físico), seria possível fantasmas ou forças espirituais manifestarem-se por meio das mídias digitais?

terça-feira, dezembro 01, 2015

CAOs, espiral do silêncio e a crise autorrealizável


As intermináveis reviravoltas da Operação Lava Jato; o processo contra o presidente da Câmera dos Deputados Eduardo Cunha envolvendo diversas instituições e paralisando o Congresso. E como pano de fundo, o País à beira do abismo da crise econômica. A grande mídia chegou ao estado da arte: a guerrilha semiótica organizada pela tática de CAOs (Consonâncias, Acumulações e Onipresenças das informações) turbinada por duas bombas semióticas: a profecia autorrealizável e a espiral do silêncio. As mídias abandonaram o campo da propaganda tradicional (repetição, persuasão e reforço) para ingressar no campo sofisticado da cognição - mais do que discursos e conteúdos informativos, construir percepções por meio de CAOs. Mesmo quando desmentidas, essas informações nunca mais serão falsas porque já foram credíveis no clima de opinião.

Era 1997. A Globalização e a desregulamentação dos mercados triunfavam. Os chamados Tigres Asiáticos (Taiwan, Coréia do Sul, Hong Kong, Tailândia e Cingapura) eram o modelo econômico para o século XXI. De repente se transformaram no epicentro de uma onda de pânico afundando as Bolsas em todo o mundo. Boatos e medo invadiram a suposta racionalidade dos investidores que passaram a girar histericamente em torno do próprio umbigo em uma onda de vendas baseada nas opiniões de outros investidores provocando uma espiral viciosa de especulação.

Na época, analistas de investimentos como Barton Biggs da Morgan Stanley apontaram o pânico e a retroalimentação à ausência de memória dos profissionais financeiros: com a ausência de História Econômica na formação acadêmica, os profissionais eram condenados a repetir ciclicamente os mesmos erros, desde o crash de 1929.

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