sábado, julho 02, 2016

Alquimia e esoterismo em "Os Goonies", por J. B. de Oliveira


Os filmes de Spielberg sempre foram carregados de pistas sobre teorias conspiratórias e simbolismos esotéricos como em “E.T.” ou “Contatos Imediatos do Terceiro Grau”. Spielberg foi fundamental para a mudança da opinião pública em relação a existência de seres-extraterrestres. Ele foi um dos principais precursores da guinada metafísica de Hollywood com a exploração de um mix de esoterismo, Ufologia (“Contatos Imediatos”, por exemplo, contou com a consultoria do ufólogo Allen Hynek) e simbolismo hermético. Mesmo o filme “Os Goonies” (1985), que mergulha no imaginário infanto-juvenil de caças a tesouros, trapalhadas e travessuras, está repleto de simbolismos herméticos e alquímicos.

Steven Spileberg coloca muitos simbolismos em seus filmes, inclusive símbolos esotéricos, como em Caçadores da Arca Perdida, ET, Super-8, e Indiana Jones e as Caveira de Cristal.

Neste filme, podemos ver que o encontro com o espírito de “Willy Caolho”, somado com a busca do próprio tesouro, representa um conceito similar à chegada do ET. Um ET é até mesmo mencionado alegoricamente no filme - na verdade é o Sloth.

Simbolismos fálicos


Desde o início, o filme é altamente sexualizado, e a sexualidade tem um papel importante para a narrativa. O guia e “professor” do personagem principal (Michael) é o pirata “Willy Caolho”. Em inglês, seu nome, “One Eyed Willy”, pode ser interpretado como uma referência ao órgão sexual masculino (Willy é um apelido do pênis no reino unido), e “one eyed snake” (cobra de um olho só) é também um epíteto humorístico do pênis.

Se considerarmos também o simbolismo peniano da cobra, um paralelo interessante com Miguel e o Dragão, nesse caso Miguel e a Cobra, pode também ser pensado.


No início do filme, há uma cena na qual o pênis de uma estátua é quebrado, cai, e depois é restituído, de uma forma alterada. Isso nos lembra o falo de Osiris sendo cortado junto com seu corpo e jogado na água, sendo achadas e restauradas todas as partes de seu corpo, menos seu pênis. Creio que isso foi um motivo esotérico deliberadamente colocado no filme.

Ouro e Alquimia


Como na Alquimia, o Ouro, como os outros metais, são desenvolvidos embaixo da terra numa Matriz ctônica, a Caverna na qual os heróis têm de entrar e da qual devem sair vivos.

A matriz feminina parece estar viva, e tem perigos assim como como doces prazeres- as cachoeiras, beijos. O subterrâneo é também um dos símbolos mais comuns do inconsciente, para o qual os heróis precisam descer para encontrar o ouro interno.

Na aventura aparece uma oportunidade apressada e fora de hora de sair da “katabasis” através de um poço dos desejos. Isso representa o desejo tanto como motivador da empreitada esotérica como quanto tentação de sair antes da hora. Apenas pelo guia Michael e sua insistência em achar o ouro, os outros “elementos” (personagens) decidem continuar a jornada, direcionando o desejo para a meta, pois não era ainda hora de voltar para o “xaos”.


Sloth: o desenvolvimento interrompido


Sloth simboliza um desenvolvimento interrompido e estagnado, um dique doente de energia, preso numa condição miserável. Na Alquimia, os metais inferiores ao Ouro são pensados como presos num desenvolvimento interrompido, cristalizados de forma inferiorizada, sendo em essência todos Ouro, mas por alguma razão necessária/empírica presos no fluxo de energia, e a alquimia os aperfeiçoa para sua condição correta. Isso é representado pelo final, onde Sloth rasga suas roupas velhas e revela uma camisa do Superman, um símbolo totalmente Solar, e símbolo do Ouro. Sloth também representa a matéria prima.

Os esqueletos e ossos da caverna representam informação velha esperando ser transmutada, representam o elemento solidificador do Sal, mas o sal não é só da solidez, é um conceito muito ambíguo. O Sal também pode ser chamado de “saltador”, e ele é responsável tanto por gravação de informação quanto por solidificação entelequial. Também pode ser um símbolo da metempsicose, e as almas dos exploradores e piratas mortos e outros sacrifícios ainda espreitam nos vapores úmidos da caverna, gravados indelevelmente em seus ossos.


O Olho da Mente


A comunicação do personagem principal com Willy Caolho pode ser considerada também como um acesso ao “olho da mente”, pois além de uma referência ao órgão genital, “One Eyed Willy” também lembra o “olho de horus” ou o “olho no triângulo” ou terceiro olho (portanto um único olho, isolado dos outros dois). No final, ele se recusa a pegar a parte de Willy do tesouro, algo que se esperaria quando lidando com uma múmia sagrada egípcia.

No final, eles testemunham a majestade completa do Ouro, e conseguem retornar à superfície e ao Sol, e apesar de que no mundo material nem toda a majestade do tesouro possa ser manifestada, a não ser pela emergência e saída do navio pirata, antes morto, renascendo como Osíris, o tesouro continuando escondido, mas algumas egemas conseguem sair, como uma destilação final, daquela “grande centrífuga” mortal que foi a aventura. Essas pedras preciosas realizam o desejo das crianças e de seus pais de manterem seus lares.

O Mal é derrotado e as ligações que foram cortadas no separatio são novamente reunidas, desta vez de uma forma vitoriosa e rejuvenescida.

J.B. de Oliveira (Pedro Marcus Jaime Basíliso de Oliveira) – estudante de psicologia de Saquarema, Rio de Janeiro. Leio sobre temas esotéricos e similares desde aprox. 2010, mas me interessei por eles já desde criança. Quando criança comprei o Gatilho Cósmico e fiquei meio intrigado. Tenho interesse nas áreas da Alquimia, Gnosticismo, Parapsicologia, confluência da ciência e esoterismo, mitologia, simbolismo, e as relações de tudo isso com a paranoia, conspirações e doença mental (como no caso de John Nash, David Icke e outros), e também da relação com as drogas psicodélicas (mas esse não é muito meu foco) e com a possivel incidência de outra(s) dimensão(es) em nossas mentes. Tenho trabalhado muito em cima da obra dos autores: Kenneth Grant, Walter Russell, Michael Talbot, Jonathan Barlow Gee, Ken Wheeler (vídeos de magnetismo e artigos sobre a proporção áurea e filosofia). O livro "A Religião Proibida" foi minha introdução ao gnosticismo, e o considero, apesar do extremismo, uma das melhores sínteses gnósticas. (disponível grátis na internet).





Ficha Técnica


Título: Os Goonies
Diretor: Richard Donner
Roteiro:  Steven Spilberg, Chris Columbus
Elenco:  Sean Astin, Josh Brolin, Jeff Cohen, Corey Feldman, Kerri Green
Produção: Warner Bros.
Distribuição: Warner Bros.
Ano: 1985
País: EUA

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