segunda-feira, setembro 12, 2016

Os ataques de 11 de setembro foram os primeiros não-acontecimentos transmídia do século XXI


Nesse último domingo foram completados os 15 anos dos atentados de 11 de setembro nos EUA. Barack Obama homenageia os mortos com coroas de flores como fossem a contraprova necessária para dar veracidade a um evento marcado por uma espiral de “teorias conspiratórias”: Falsa Bandeira? Trabalho Interno? Ou simplesmente, a mãe de todos os “não-acontecimentos”? Ensaiados através da década de 1990, desde a Revolução Romena, Guerra do Golfo, passando pelos bombardeios em Kosovo e Sarajevo, finalmente em 2001 surge não-acontecimento completo - a matriz do mesmo “modus operandi” dos atentados subsequentes: Maratona de Boston, atentados na França, Boate Pulse etc. Mas dessa, vez o 09/11 trouxe uma novidade que marca esse início de século: o primeiro não-acontecimento transmídia: assim como um produto transmídia de entretenimento, o evento foi propositalmente roteirizado com erros de continuidade, contradições, lacunas e inverossimilhanças para gerar uma espiral de interpretações (“teorias conspiratórias”), produzindo intermináveis “spin-offs”. Assim como projetos transmídias como a série “Lost” ou franquias “Star Wars” ou “Harry Potter”.

Não haverá catástrofe real, porque vivemos sob o signo da catástrofe virtual” (Jean Baudrillard)


Os atentados de 11 de setembro foram a mãe de todos os não-acontecimentos que dominam na atualidade a pauta dos noticiários da grande mídia nacional e internacional. Maratona de Boston, Nice, Boate Pulse, Charlie Hebdo, atentados aos trens de Madrid (2004), aos transportes de Londres (2005), entre outros, são apenas replicações em escala menor do mega-evento do 11/09 nos EUA, a matriz que viralizou toda a série de pequenos não-acontecimentos nesse século.

“Não-acontecimento” é um dos conceitos mais prolíficos e polêmicos do falecido pensador francês Jean Baudrillard (1929-2007). Diferenciam-se dos acontecimentos históricos (“reais”) porque são eventos imediatamente destinados ao contágio através das imagens midiáticas.

Desde o início, são acontecimentos telegênicos, midiatizáveis, simulam ser espontâneos mas têm a marca da catástrofe virtual – assim como Guerra Fria onde as bombas atômicas nunca explodiam, também agora os atentados são deflagrados pontualmente para criar ondas de ressonância no contínuo midiático. Mas a guerra mundial que nunca é deflagrada – apenas guerras pontuais na Síria, Iraque ou Ucrânia para servir de algum lastro real e criar ondas migratórias de refugiados, combustíveis para outros não-acontecimentos: novos atentados terroristas que caem como uma luva para demonizar estrangeiros.

Homenagem de Barack Obama aos mortos: a necessidade de lembrar das vítimas como contraprova do real

Os ataques de 11 de setembro não surgiram do nada. Foi o desfecho (ou o início) de uma década de ensaios e testes de simulação, para afinar a sintonia da tríade Governo-Inteligência-Mídia.

Em direção ao 09/11


O final da década de 1980, com o desmoronamento do bloco comunista e a queda do Muro de Berlim, apontou para o fim do jogo da dissuasão EUA/URSS – o fim do duelo atômico, do jogo calculado do equilíbrio do terror. Com a perspectiva do conflito atômico perdendo espaço junto com projeto Guerra nas Estrelas de Reagan, foram necessários testes para criar uma nova estratégia de simulação com novos atores e inimigos.

O desmantelamento do Leste Europeu e a Guerra do Golfo foram os primeiros ensaios para uma nova ordem mundial que seria inaugurada no futuro pelos atentados de 2001.

A cobertura midiática da revolução romena em 1989 criou o primeiro inimigo virtual para afrontar os valores Ocidentais: o sanguinário ditador Ceausescu.  Os telejornais de todo o planeta mostraram chocantes imagens do que ficaram conhecidas como “o ossário de Timisoara”: a descoberta de um ossário de quatro mil vítimas que, afirmavam os repórteres, eram vítimas da polícia secreta de Ceausescu. E outros milhares de corpos teriam sido dissolvidos em ácido.

As imagens atrozes dos cadáveres alinhados sobre um lençol branco marcaram para sempre a derrubada do ditador na chamada Revolução Romena de 1989. Mais tarde descobriu-se que tudo tinha sido um cenário montado para cinegrafistas e fotógrafos: na verdade eram corpos de pobres desenterrados de um cemitério local e cedidos à necrofilia da TV.

Logo em seguida veio Guerra do Golfo de 1992. Dessa vez, um ensaio decisivo onde a alta tecnologia telemática militar seria combinada com a inédita transmissão ao vivo da CNN. O resultado foi um cenário de guerra transformado em um wargame. E mais um vilão foi virtualmente criado: Saddam Hussein – notícias sobre supostas bases de mísseis sob o deserto e armas de extermínio em massa estenderam artificialmente guerra cujos motivos ou significado nunca saíram do campo da especulação.
 
Guerra do Golfo: um wargame?
Sob o ponto de vista estratégico a guerra era totalmente irracional. Mas como primeira guerra transmitida ao vivo na história da mídia, Saddam sabia que o seu gesto via CNN se espalharia pelas redes de comunicação, tornando-se o novo líder da causa árabe. Do lado americano, a guerra foi propositalmente prorrogada pelo Pentágono, na medida em que os índices de audiência da CNN elevavam-se conjuntamente com a comoção da opinião pública e, mais importante, era ano eleitoral e George Bush buscava sua reeleição.

Os mortos são a contraprova do real


As intervenções da OTAN na guerra civil iugoslava com a campanha de bombardeio na Bósnia e Herzegovina em 1995 e a intervenção militar no Kosovo em 1999 e a enorme mobilização de recursos e tecnologia para estacionar uma força militar internacional naquela região sempre foram fracamente justificadas pelo humanitarismo: “deter os abusos de direitos humanos”.

Uma guerra local (os conflitos étnicos da ex-Iugoslávia) foi ampliada e estendida pelo consórcio OTAN/mídias para criar um novo Lugar-depositário do Mal, após entrarem em cena Ceausescu e Sadam Hussein. Os mortos, transformados em “efeitos colaterais” numa “guerra cirúrgica” nada mais foram do que necessárias contraprovas de que o evento tinha sido real. Sim! Há mortos, logo é real.

Os 2.753 mortos na queda das torres do WTC em 2001 também foram a contraprova necessária para conferir realismo à mãe de todos os não-acontecimentos que abriria o século XXI – já que nem as imagens das torres em si (explosões, poeiras e escombros) garantiriam o realismo: as pessoas nas ruas pegas de surpresa acreditavam presenciar uma cena de efeito especial de mais uma produção hollywoodiana de destruição de Nova York.

Timing e oportunismo do não-acontecimento


 False Flag? Inside Job? O timing e o oportunismo dos acontecimentos de 2001 já são bastante conhecidos, repetidos em todos os não-acontecimentos subsequentes. Por exemplo, o 09/11 teve o timing perfeito para o momento político do então recém-eleito George Bush – o fantasma de fraude eleitoral na Flórida e o estouro da “Bolha da Internet” e o crash da Nasdaq e, como sempre, a guerra como tática diversionista para unificar a nação pelo medo.

Assim como os atentados em Paris tiveram timing e oportunismo perfeitos para François Hollande: queda nas pesquisas, greves, protestos contra a reforma trabalhista e indefinição sobre sua candidatura à reeleição.

Ambiguidade e meta-terrorismo


Mas o 09/11 criou a última novidade que faltava aos não-acontecimentos, e que não estiveram presentes nos não-acontecimentos anteriores da Romênia, Guerra do Golfo e guerra civil na Iugoslávia: o meta-terrorismo.

O fator ambiguidade é o principal elemento que impulsiona a disseminação de boatos, memes ou mesmo notícias, como descreveram Gordon Allport e Leo Postman em 1947 – o alcance de uma informação é igual a sua importância multiplicada pela ambiguidade – sobre isso clique aqui.

É inacreditável como ao longo desses quinze anos foram encontradas facilmente inconsistências, lacunas e inverossimilhanças na narrativa dos atentados nos EUA. Somente para listar alguns e depois assista aos vídeos abaixo:

(a) as diversas imagens do Boeing 747 batendo no WTC mostram estranhas anomalias na parte de baixo da fuselagem, como se algo estivesse anexado ao avião de forma não simétrica – os fabricantes se recusaram a comentar, alegando “segurança nacional”. O avião não teria sido sequestrado, mas preparado antecipadamente com bombas atadas à fuselagem para explodir nas torres.


(b) As imagens posteriores mostram claramente outras explosões pontuais ocorrendo em sequência em várias partes das torres no momento do desabamento. Implosão controlada?

(c) Outro Boeing 747 caiu no Pentágono? Só há apenas imagens de uma câmera de vigilância. As imagens de outras dezenas de câmeras do Pentágono, além as de um posto de gasolina nas proximidades, foram confiscadas sob a justificativa de sempre: “segurança nacional”. As outras imagens poderiam negar a narrativa do Governo? Ao invés do avião, um míssil terra-terra?

(d) O WTC foi preparado para uma implosão controlada? Nas semanas que antecederam o 09/11 houve uma quantidade anormal de reparos. Em diversas seções das torres gêmeas houve evacuação por “motivos de segurança”. Além do jornal Newsday informar que no dia 06/09 cães farejadores de bombas da segurança interna foram inesperadamente removidos do edifício. Quem autorizou tudo isso? A empresa de segurança eletrônica Securacom, empresa cuja diretoria fazia parte o irmão de George Bush, Marvin Bush. Ele também foi ex-diretor da HCC Insurance Holdings que assegurava parte do WTC até o 09/11.


O 09/11 foi uma narrativa transmídia?


Quanto mais o tempo avança, novas “coincidências”, explicações lacônicas ou simplesmente qualquer recusa de resposta por parte de autoridades ou empresas envolvidas se avolumam. Tudo isso parece apontar para uma hipótese: os atentados de 2001 acrescentaram um novo elemento à tática dos não-acontecimento – esse não-acontecimento foi roteirizado como um produto transmídia. Aquilo que os roteiristas chamam de transmedia storytelling.

Narrativa transmídia é um tipo de roteiro no qual são combinadas situações ficcionais com a realidade recorrendo a diversas mídias do mundo real e múltiplas plataformas de maneira a proporcionar ao receptor uma experiência imersiva.

Enquanto na narrativa tradicional há começo, meio e fim, ao contrário, na transmídia a história nunca termina porque vai continuar em múltiplas plataformas. Assim como em produções transmídia como a série Lost: propositalmente os roteiristas deixam soltos e sem explicação diversas sequências de episódios para incitar os espectadores a criar diversas interpretações em múltiplas mídias – chats, fóruns, YouTube, blogs etc.

A narrativa transmídia é potencialmente sem fim, assim como as franquias Harry Potter, Star Wars ou Star Trek. Um universo em expansão que se retroalimenta.

Da mesma forma, o 09/11 parece ter sido obra de um roteirista que propositalmente deixou lacunas e ambiguidades que geram uma espiral de interpretações ad infinitum. Uma nova forma de terrorismo, dessa vez autoconsciente, onde o relato midiaticamente ambíguo do atentado se torna mais uma arma letal.

Mas, diferente dos projetos transmídia da indústria do entretenimento, aqui as diferentes interpretações serão rotuladas como “teorias conspiratórias”. Inspirarão até roteiros de possíveis documentários e filmes de ficção da própria indústria do entretenimento.

Porém, ainda serão rotulados como “ficção”. Por que? Porque as 2.753 mortes do 11/09 e as centenas de mortes dos não-acontecimentos terroristas serão sempre a contraprova de que algo real ocorreu para exorcizar as "teorias conspiratórias". 

Afinal, como questionou certa vez o filósofo Jacques Derrida à teoria da simulação de Jean Baudrillard: como dizer que guerras e atentados são virtuais quando há milhares de mortos reais?

                     Esse é o momento quando o rabo balança o cachorro.





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