quarta-feira, março 29, 2017

O Coringa retorna com mais "efeitos copycat"



O palhaço do crime está de volta. Só nesse mês de março, dois episódios em países diferentes tiveram o Coringa como elemento motivador em situações violentas: um adolescente abriu fogo em uma escola na França após posar armado e mascarado como o Coringa em fotos no Facebook; e um homem carregando uma espada e maquiado e fantasiado como o vilão do Batman foi preso pela polícia caminhando ameaçadoramente pelas ruas em uma cidade na Virginia, EUA. São mais casos de uma extensa lista daquilo que os psicólogos chamam de “Efeito Copycat” (efeito de imitação) iniciado com o filme "Batman: O Cavaleiro das Trevas" (2008) e a controversa morte de Heath Ledger que interpretava o Coringa. Uma extensa lista cujo caso mais famoso foi o Massacre de Aurora (2012) no qual o atirador dizia ser “o verdadeiro Coringa”. Pesquisadores em Sincromisticismo acreditam que o Coringa é um arquétipo vivo, uma forma-pensamento. Se no passado, esses arquétipos eram dissipados em rituais sagrados, hoje tornam-se narrativas midiáticas repetitivas cuja energia psíquica procura receptores vulneráveis para serem “descarregadas” em ações catastróficas e imprevisíveis.   

“Se coincidências são apenas coincidências, por que parecem ser tão planejadas?”(Agente Especial Fox Mulder, “Clyde Bruckman’s Final Repose”, 1996, Arquivo X)

"Os Pensamentos são coisas" (antigo aforismo oriental)

Mais uma vez o palhaço do crime que assombra as HQs e as telas do cinema, O Coringa, retorna como “motivação” de estranhos comportamentos violentos e anômicos. Só nesse mês de março foram dois episódios.

Kylian Barbey, um adolescente de 17 anos abriu fogo em uma escola (o Liceu Alexis de Tocqueville) na cidade de Grasse, Riviera Francesa, no dia 16 de março. Armado com dois revólveres, além de um rifle de caça, uma mochila contendo granadas falsas e um dispositivo explosivo caseiro, feriu um professor e três estudantes. Ele é filho do político local ultra-direitista Franck Barbey.

Como sempre no perfil dos protagonistas dessas tragédias, Kylian foi descrito como um jovem tímido, e que ninguém poderia imaginar que fizesse algo assim. Porém, tinha dificuldades para se integrar na escola e tinha maus relacionamentos com alguns dos seus colegas.

Kylian era obcecado pela tragédia norte-americana do Massacre de Columbine (1999). Sua página do Facebook trazia várias imagens mórbidas e violentas com screenshots do vídeo “Tiros em Columbine” e o vídeo de um homem com uma máscara macabra ao estilo da banda nu metal Slipknot com uma arma descarregada que finge atirar no espectador e depois na própria cabeça.


Além da página apresentar na cabeçalho de página a foto do Coringa de Heath Ledger no filme Batman O Cavaleiro das Trevas e a frase de Oscar Wide: “Dê para um homem uma máscara e ele se tornará quem realmente é”, além de uma foto sua com uma máscara do próprio Coringa.

O Coringa andando pelas ruas


Uma semana depois, dia 24 de março, Jeremy Putnam, 31, foi preso em Winchester, Virginia (EUA)   acusado de estar vestindo uma máscara em público – nesse estado, acima de 16 anos é considerado crime usar máscara ou qualquer outro acessório que cubra parte substancial do rosto é oculte a identidade. Com exceções de festas tradicionais que envolvem fantasias como o Halloween.

Em torno das duas horas da tarde a polícia local recebeu uma série de ligações de moradores assustados relatando um homem suspeito com uma maquiagem de Coringa, vestindo uma capa preta e carregando uma espada. A polícia também relatou que tem recebido nas últimas semanas outras ligações de supostas outras pessoas usando fantasia de Coringa.


O Coringa de Dendermonde


A lista de copycats (efeito de imitação) envolvendo o Coringa é extensa, sempre em torno do lançamento do filme Batman: O Cavaleiro das Trevas (2008) e a emblemática morte do ator Heath Ledger cuja performance foi considerada a melhor representação do palhaço do crime na história do cinema.

Um ano após o lançamento do filme e a morte de Ledger, houve o caso do “Coringa de Dendermonde”, na Bélgica em 2009. Com uma maquiagem semelhante com a do Coringa, Kim de Gelder entrou em uma creche armado com facas (arma predileta do Coringa), ferindo crianças e adultos. O mais significativo é que o sobrenome “de Gelder” é um anagrama do sobrenome do ator Ledger.

De Gelder era descrito pelos colegas como um “movie freak” e “viciado em filmes”.

Em 1 de setembro de 2008, em Johanesburgo, Morné Harmse, um aluno de 18 anos de idade em sua escola na África do Sul matou um aluno com uma espada e, em seguida, cortou três outros. Harmse usava uma máscara de palhaço e carregava outras máscaras supostamente inspiradas pelo grupo Slipknot. Segundo relatos, o assassino também falava em uma voz que procurava imitar o Coringa em Batman: O Cavaleiro das Trevas.


O casal de Coringas assassinos de Las Vegas


O mais famoso copycat foi o chamado Massacre de Aurora em 2012 quando James Holmes disparou dentro de uma sala de cinema no Colorado (EUA) na estreia de Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge. Vestido como o personagem em meio a fãs também vestidos como os personagens do filme, ao ser preso disse: “Eu sou o Coringa!” – clique aqui.

Em junho de 2014, Jerad e Amanda Miller tomaram as ruas de Las Vegas totalmente intenção de causar estragos. Armado com uma espingarda, um revólver e várias armas, o casal atirou em dois policiais que almoçavam. Depois de matá-los, fugiram para um Walmart onde mataram outra pessoa que tentou pará-los. Cercado polícia, Jerad foi baleado e morto, enquanto Amanda se matou cabeça.

O casal pretendia provocar uma “revolução contra a tirania”. Jerad postou uma série de vídeos do YouTube vestidos como o Coringa, em que ele confirmou o seu desprezo pela aplicação da lei.


Heath Ledger, Jared Leto...


Como já discutimos em postagem anterior, a trajetória do personagem do Coringa das HQs ao cinema é marcada por medo e conflitos com relatos de dificuldade dos atores encarnarem o personagem – de transtornos nas vidas pessoais a problemas psíquicos em exemplos como de Jack Nicholson, Mark Hammil (deu voz ao personagem em animações) e o ápice com a morte trágica de Heath Ledger. Além de relatos dos mesmos transtornos com o ator Jared Leto nos sets de filmagem de Suicide Squadclique aqui.

Para os pesquisadores em Sincromisticismo, o Coringa é mais do que um personagem ficcional: é um arquétipo vivo (a personificação sombria do arquétipo do Trapaceiro – o “Trickster”), uma forma-pensamento – criações mentais capazes de criar formas autônomas no Plano Astral e, depois, no contínuo atmosférico midiático – sobre isso clique aqui.

O Efeito Copycat e a máscara do Coringa


E para a Psicologia é um padrão do chamado efeito copycat, efeito de imitação de atos criminosos e assassinos em série no qual o agente tem um nítido interesse no sensacionalismo provocado pela publicidade de suicídios, assassinatos e depredações.

Embora as origens desse efeito estejam na onda de suicídios na Europa após a publicação do romance de Goethe em 1774, The Sorrows of Young Werther (no qual o protagonista romântico se mata), foram nos anos 1990 que o efeito copycat cresceu com episódios violentos em escolas e o sensacionalismo midiático em torno desses eventos – o filme policial satírico Assassinos por Natureza (1994) de Oliver Stone expressava muito bem como psicóticos podiam se transformar em estrelas midiáticas nos programas sensacionalistas.

Para o psicólogo Nigel Barber (“Copycat Killing”, Psychology Today), ao lado da publicidade, a despersonalização é outra característica importante. Lembrando a frase de Oscar Wide citada pelo imitador do Coringa Kylian Barbey, passamos a maior parte a vida usando máscaras para exercer papéis sociais, sejam profissionais ou familiares.

Até para destruirmos as máscaras sociais que nos confinam, e causam o famoso “mal estar da civilização” descrito por Freud, precisamos de outras máscaras: paradoxalmente o copista supostamente busca a si mesmo e a revanche contra a sociedade despersonalizando-se e assumindo o alter-ego do Coringa – tenta se auto-afirmar por meio da publicidade do ato criminoso e simultaneamente despersonaliza-se assumindo a persona do Coringa.

O arquétipo do Coringa


A questão é que, pelo ponto de vista sincromístico, a persona do Coringa carrega um poderoso arquétipo que se transformou numa egrégora de energia psíquica que necessita ser descarregada, assim como a descarga elétrica de nuvens carregadas.

No passado os arquétipos eram revividos em narrativas mitológicas e rituais mágicos e religiosos que garantiam, por assim dizer, um distanciamento entre as dimensões sagradas e profanas, mito e cotidiano, fazendo a energia psíquica contida no arquétipo ser consumida através da catarse ou pelo frenesi das festas até a sua dissipação. Lembre das máscaras carnavalescas expressando arquétipos cuja energia é dissipada no frenesi do Carnaval que subverte os papéis cotidianos.


Hoje, esse papel de revivência dos arquétipos está no contínuo midiático. Porém sem o distanciamento dos rituais do passado, mas agora pela repetição irrefletida de clichês. Como pesquisadores sincromísticos apontam, a energia viva, psíquica desses arquétipos não mais se dissipa, mas transformam-se em formas-pensamentos – criações mentais que utilizam matéria fluídica capazes de criar formas autônomas no Plano Astral.

Sua energias não mais se dissipam como em rituais no passado, mas agora são continuamente alimentados e materializados pela indústria do entretenimento, criando egrégoras de formas-pensamento que do Plano Astral atingem o Plano Físico, criando estranhas “conexões significativas” imprevisíveis quanto aos efeitos.

Os primeiros a sentir o impacto são os próprio atores, tomando contato com essas máscaras e formas-pensamento em estado psíquico bruto – até para dar mais “realismo” e “naturalismo” às atuações.

E depois, os espectadores que, em dadas circunstâncias (vulnerabilidade mental ou suicidas em nível inconsciente) podem se transformar em verdadeiros fios condutores através das quais as energias psíquicas das formas-pensamento periodicamente se dissipem.

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