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segunda-feira, março 11, 2024

40 anos de 'Chaves': Commedia Dell'Arte, astrologia e pecados capitais, por Claudio Siqueira


Como dito pelo humilde blogueiro deste Cinegnose, estão fazendo 40 anos da estreia da série mexicana “Chaves” no Brasil, e nada mais justo do que homenagearmos alguns dos comediantes mais queridos da criançada latino-americana. Por incrível que pareça, nem mesmo essa comédia infantil deixa de ter suas eminências pardas ocultas. O Cinegnose vem falar mais um pouquinho sobre El Chavo del 8, a influência da Commedia Dell’Arte na confecção de seus personagens e como cada personagem representa um astro, sendo 7 cada um dos Pecados Capitais.

quinta-feira, fevereiro 22, 2024

A sátira racial ao estereótipo afro-americano no filme 'Ficção Americana'


O filme “Ficção Americana” (American Fiction, 2023), com cinco indicações ao Oscar, é uma incisiva sátira racial sobre os estereótipos afro-americanos criados pela indústria literária e de entretenimento norte-americano para, como diz o protagonista a certa altura no filme, “absolver o sentimento de culpa dos brancos”. Um professor universitário e romancista negro está com dificuldades para encontrar uma editora que publique seu novo livro. “Escreva algo mais negro”, é o que sempre ouve de publishers brancos e liberais. Misturando raiva, frustração e copos de bourbon, ele escreve uma paródia exagerando todos os estereótipos negros dos guetos. Para sua surpresa, vira o acontecimento literário do ano. Ninguém entendeu a piada. “Ficção Americana” é uma reflexão sobre a impossibilidade encontrar uma exterioridade para fazer uma crítica. A não ser que o diretor quebre a quarta parede do cinema.

quinta-feira, fevereiro 15, 2024

Cabala, Esoterismo e Tarô em 'Mestres do Universo: Salvando Eternia', por Claudio Siqueira


Mestres do Universo: Salvando Eternia, a continuação do antigo desenho que animou a infância dos anos 1980, deu o que falar na primeira temporada e angariou reclamações. Ante a iminente segunda temporada, o Cinegnose vem mostrar a principal eminência parda por trás da animação, independentemente da original ou atual: Os chamados Caminho da Mão Direita e Caminho da Mão Esquerda – Cabalá Hermética, esoterismo e Tarô, muito além do que as lições de moral dadas ao final por personagens loiros apolíneos.

sexta-feira, fevereiro 02, 2024

Filme 'Red Rooms', Marques de Sade e Dark Web: "o Mal deve ser praticado sem paixão"


Se nos anos 1970 tínhamos a lenda urbana dos “snuff movies” (vídeos comercializados com sexo abusivo, violento, sadomasoquista e sempre terminando na morte da vítima), na Dark Web temos o roax das “Red Rooms” - transmissões ao vivo de estupro, torturas e assassinatos de vítimas sequestradas para um público disposto a pagar pelo entretenimento voyeurista. O filme canadense “Red Rooms” (Les Chambres Rouges, 2023), de Pascal Plante, começa com o julgamento de um pedófilo que sequestrou menores para seus shows nas Red Rooms. Mas o foco não é o julgamento, mas duas mulheres obcecadas pelo caso. Uma, uma groupie apaixonada pelo réu que virou uma celebridade. E outra fria e enigmática. Figura incômoda  para o espectador, porque nunca sabemos qual o seu real interesse no caso. Uma personagem está no passado (a cultura das celebridades no século XX) e outra no futuro: o interesse insalubre e amoral pelo mal na Internet. Revivendo em pleno século XXI a máxima do velho Marques de Sade: “Para o libertino o Mal deve ser praticado sem paixão”.

sábado, janeiro 06, 2024

Culpa e fúria nos 40 anos da série 'Chaves' no Brasil



Está fazendo 40 anos da estreia da série mexicana “Chaves” (El Chavo Del Ocho) aqui no Brasil Criado por Roberto Gómez Bolaños, falecido em 2014, era apelidado de Chespirito - “Pequeno Shakespeare”. Mas ele sempre esteve muito mais próximo de Stephen King e do escritor francês Camus. Se King dizia que o inferno era a repetição e Camus via no homem moderno atualização do mito de Sísifo, Bolaños vai mixar esses insights em uma pequena vila de pobres e remediados em algum lugar no Distrito Federal do México. Uma galeria de personagens que parecem condenados a repetir seus pecados na eternidade, assim como Sísifo rolava uma pedra montanha acima numa tragédia sem fim. Mas se fosse apenas isso, “Chaves” não seria tão cultuado por tantas gerações. Há algo mais: se por um lado a série revela um sentido auto moralizante onde cada personagem repete "ad aeternum" seus pecados mortais, do outro ninguém demonstra o menor respeito pela Ordem, seja a de Deus ou a do Diabo. A receita de um cult: a ambígua da mistura da culpa com a fúria.

sábado, dezembro 16, 2023

'Esqueceram de Mim': quando as festas de final no ano viraram o alívio cômico da família


Com a proximidade das festas de final de ano, a grande mídia é tomada matérias jornalísticas, filmes e séries repletas de contos motivacionais e morais com histórias de reformas íntimas e promessas de Ano Novo em se tornar uma pessoa melhor, mais empática e otimista. Nessa onda de final de ano certamente se destacam as indefectíveis reprises do clássico “Esqueceram de Mim” (Home Alone, 1990), mostrando que o filme resiste ao tempo e a cada exibição parece se tornar melhor. O que fez “Esqueceram de Mim” virar um clássico de Natal? Desde o seu lançamento, o filme mostrou que era muito mais do que um filme infantil de Natal – além de revisitar os arquétipos do abandono e separação ainda vivos na infância, a narrativa da negligência dos pais de Kevin reflete o drama da quebra do elo geracional das famílias modernas. O clássico oferece o alívio cômico em humor negro para o mal-estar das famílias no final de ano: rir de si mesma.

quinta-feira, novembro 09, 2023

'Asteroid City': a mitologia americana é artifício e simulação


Wes Anderson sempre foi um admirador do fascínio do diretor alemão Win Wenders pelo imaginário norte-americano dos desertos do oeste americano, freeways, lanchonetes e motéis de beira de estradas perdidos em paisagens áridas e selvagens. Mas, diferente do olhar europeu de Wenders em busca de uma ontologia ou essência por trás desse imaginário, Wes Anderson quer encontrar apenas a superfície, o artifício, a simulação e a hiper-realidade. “Asteroid City” (2023) é um vertiginoso desfile de uma constelação de personagens da mitologia americana em torno de três eventos fundadores no deserto de Nevada: a bomba atômica, o Caso Roswell e Las Vegas. Uma narrativa em abismo metalinguístico sobre o “Dia do Asteroide”, evento comemorativo de um evento astronômico em um vilarejo em 1955 (ano da morte de James Dean) num deserto em cores hiper-reais de um estúdio de TV.

sexta-feira, novembro 03, 2023

'Tetris': o vídeo game destruiu a União Soviética


Será que o vídeo game destruiu a União Soviética? Enquanto o Capitalismo estava dando um novo salto mortal para se reinventar, a URSS era o último subproduto vintage do racionalismo cartesiano: a economia planificada socialista. Se a URSS via a cibernética como a ferramenta decisiva para a planificação, o Ocidente estava iniciando a sensibilidade neobarroca dos vídeos games: o declínio da racionalidade pela celebração do fragmentário, da instabilidade, do lúdico e do jogo – o que seria o futuro capitalismo cassino da globalização. O paradoxo é que o game mais viciante do mercado surgiu no Centro de Computação da URSS. Esse é o debate que suscita o filme “Tetris” (2023) no qual acompanhamos a história daquele joguinho dos game boys. Mas, principalmente, a guerra política pelos direitos de comercialização do jogo em plena Guerra Fria. “Tetris” também é uma peça de propaganda: como os malvados comunistas vilões russos tentaram impedir a liberdade de iniciativa e diversão no Ocidente.

quinta-feira, outubro 26, 2023

Palhaços, jornalistas e niilismo gnóstico em 'Apocalypse Clown'


Uma explosão solar desencadeia um apocalipse geomagnético na Terra, inutilizando dispositivos móveis e a Internet. Quem se beneficiaria com o caos? Palhaços e jornalistas: sem a concorrência do Tik Tok, a “comedia dell’arte” voltaria à ribalta e num mundo analógico os jornalistas retomariam o faro investigativo perdido. Esse é a comédia irlandesa “Apocalypse Clown” (2023) que traz mais uma vez o niilismo gnóstico ao estilo Terry Gilliam da trupe de humor Monty Python: o riso é a única resposta sensata a uma existência sem sentido. Lembrando a célebre “punch line” do Coringa de Heath Ledger: “Porque está tão sério?”. Um trio de palhaços fracassados se torna anti-heróis em um mundo desconcertante onde nada é o que parece.

quinta-feira, outubro 12, 2023

'Clonaram Tyrone!': sexo, drogas, junk food e controle social



O que estava apenas nas entrelinhas em “Corra”, de Jordan Peele, e “Sorry to Bother You, de Boots Riley, é  explícito e direto em “Clonaram Tyrone!” (They Cloned Tyrone, 2023), de Juel Taylor, . “Assimilação é melhor que aniquilação”, nos informa a certa altura uma linha de diálogo: como considerar os EUA um país “pós-racial”, como querem os novos democratas do governo Biden, se ainda o país é guiado por uma supremacia branca? Nessa comédia de ficção científica, três improváveis protagonistas negros (um cafetão, um traficante e uma prostituta) desconfiam de algum tipo de sombrio experimento de controle social em uma comunidade através das drogas, sexo e junk food. Se em “Corra” os vilões eram educados brancos liberais e democratas, em “Clonaram Tyrone!” estão novamente brancos. Mas, desta vez, os “falcões da guerra” neocons.

quinta-feira, setembro 28, 2023

'Ninguém Vai Te Salvar': por que queremos acreditar em discos voadores?


Para Jung o fenômeno OVNI era arquetípico: se no passado procurávamos a salvação nos céus através do mito e da religião, agora, numa sociedade tecnológica e ateia, procuramos a mesma coisa através dos discos voadores. O filme “Ninguém Vai Te Salvar” (No One Will Save You, 2023) lembra essa tese junguiana o fazer um mix de duas visões que sempre foram opostas nas representações dos extraterrestres no cinema: ou são objetos fóbicos, ou pacifistas que tentam salvar a humanidade de si mesma. Um filme que é uma experiência cinematográfica: com apenas duas linhas de diálogo, apresenta uma história impulsionada exclusivamente pela ação e narrativa visual – uma jovem solitária que mora num casarão tenta resistir a uma invasão alienígena.

sexta-feira, setembro 22, 2023

Tragédia e ironias no filme 'Dalíland': como a realidade superou o surrealismo


O filme “Dalíland: A Vida de Salvador Dalí” (Daliland, 2022) começa com uma tragédia e termina com uma ironia. Começando com o trágico incêndio na sua casa na Espanha em 1984, acompanhamos a vida do pintor (interpretado por Ben Kingsley) nos anos 1970, a partir das memórias de um jovem admirador e funcionário de uma galeria de arte em Nova York. Mostra como sua arte havia se transformado em um produto pop, tão contemporâneo como o de  Andy Warhol. Sempre sedento por dinheiro em cash para custear seu estilo de vida de excessos, Dalí acabou prisioneiro do personagem que criou. Ironicamente, a única forma que o artista modernista encontrou para sobreviver à pós-modernidade: parecia que o mundo tinha ultrapassado o surrealismo – através da publicidade, sociedade de consumo e cultura pop a realidade roubou dele os estranhos mundos que sonhava. Restou a ele se agarrar no próprio personagem que criou para si mesmo.

terça-feira, setembro 19, 2023

Você não percebeu: quadro 'Ilha dos Mortos' apareceu em diversas obras midiáticas, por Claudio Siqueira


Adquirido por personagens históricos tão diversos como Hitler, Lenin e Freud, o quadro "Ilha dos Mortos", de Arnold Böcklin, marcou profundamente o imaginário coletivo. Alusões a essa obra apareceram em diversas cenas de obras midiáticas e quase sempre a figura do protagonista visita a ilha e retorna revigorado após um fatídico encontro consigo mesmo. Böcklin, pintor surrealista influenciado pelo romantismo pré-rafaelita, mesclava ambos os estilos para pintar figuras mitológicas em ambientes reais. Embora não soubesse, estava ajudando a fundar os alicerces do ClockpunkJungle FantasyFantasia Medieval e tantos outros gêneros que procuram misturar o real e o fictício.É que, para ele, o real nada mais é do que uma projeção do imaginário. Realmente (com o perdão da piada paradoxal), não há critério para medi-lo e mesmo os fatos estão à mercê das interpretações. Cinegnósticos, bem-vindos à Ilha dos Mortos!

quinta-feira, setembro 07, 2023

Em 'CEO em Fuga: A História de Carlos Ghosn' o mundo corporativo parece uma seita


Gênios e gurus do mundo corporativo vão e vem a cada estação, sempre com um sistema messiânico que promete novos “valores” e “visões” para o sucesso. E o início desse século teve o seu: o libanês-brasileiro Carlos Ghosn, que salvou Renault e Nissan da falência. Muito bem pago e intocável teve ascensão meteórica na escada corporativa, baseada em abordagem de gestão multiculturalista. Mas, no chão de fábrica, a receita é a de sempre: corte de custo e demissões em massa. O documentário Netflix “CEO em Fuga: A História de Carlos Ghosn” (2022) descreve como essa ascensão terminou numa fuga cinematográfica do Japão após ser preso em um escândalo financeiro: dentro de uma caixa de instrumentos musicais, direto para o aeroporto. “CEO em Fuga” revela como o mundo corporativo está cada vez mais parecido com uma seita.

quinta-feira, agosto 31, 2023

'The Sadness': zumbis e humanos entre a civilização e a barbárie


No cinema a mitologia zumbi passou por várias transformações: escravos de fazendeiros, símbolos do racismo, representação sanitária e viral do Mal etc. Mas seja qual for o roteiro, há um prazer catártico nesse subgênero: o prazer dos sobreviventes por poderem matarem zumbis como num jogo de tiro ao alvo. Afinal, eles são trôpegos e idiotas. Mas a produção taiwanesa “The Sadness” (Ku bei, 2021) inverte totalmente isso: dessa vez o prazer catártico é dos mortos-vivos. Uma praga viral toma conta da capital Taipé tornando os infectados monstros amorais que matam e estupram com um sorriso sádico no rosto. Como em todos os filmes sobre zumbis, “The Sadness” reflete a crise social ou econômica do momento (no caso, a pandemia global) e a própria condição humana, no limite entre civilização e barbárie.

sábado, agosto 19, 2023

Toxicomania de minorias versus toxicomania de massas na minissérie 'Império da Dor'


A pior crise de saúde pública nos EUA, entre e epidemia da AIDS e a pandemia do coronavírus. Uma epidemia de opioides iniciada com o lançamento do analgésico OxyContin, em 1995, fabricado pela Purdue Pharma, que matou 500 mil pessoas nas duas últimas décadas. Como a família Sackler descobriu a pedra filosofal da Big Pharma: o ciclo vicioso da dor e prazer com uma simples pílula. Esse é o tema da minissérie Netflix “Império da Dor” (2023) que explicita toda a hipocrisia por trás do debate em torno das drogas: o diferente tratamento dado à toxicomania de minorias e a toxicomania de massas. A primeira, criminalizada e alvo de toda a condenação moral pelas mídias. E a segunda, a criação legalizada da dependência química em massa sob aprovação das agências federais que executam uma inversão mercadológica: primeiro inventa-se a droga, depois a doença.

sexta-feira, julho 28, 2023

'Barbie' ou 'Barbieheimer'? Da bomba da informação à gnose de Barbie



Por que “Barbieheimer”? Porque é um fenômeno cultural previsto por Einstein: “o século XX criou três bombas: a informação, a populacional e a atômica”, disse o célebre físico. A boneca Barbie correspondeu às duas primeiras – através do marketing operou o controle populacional necessário para o futuro capitalismo financeiro. Mas estamos no século XXI e Barbie precisa ser reposicionada diante da opinião pública sensível às questões identitárias e de gênero. Assim como a franquia Lego no cinema, “Barbie” (2023) é um esforço mercadológico da Mattel para tentar criar uma feliz combinação entre a crítica de gênero da Barbie com o Capitalismo que a concebeu. Mas a diretora Greta Gerwig criou um subtexto existencial e gnóstico: a gnose de Barbie - deixa de ser uma boneca plástica e transcender os tons pastéis de um cosmos fabricado.

sexta-feira, junho 30, 2023

Na série 'Mrs. Davis' a vida com algoritmos é um gigantesco "McGuffin"


Durante séculos os seres humanos permitiram que aspectos vitais da sua vida fossem impulsionados e organizados pela religião. Mas o que aconteceria se algoritmos e a inteligência artificial passassem a ter esse mesmo tipo de poder de moldar o mundo? A vida se tornaria um gigantesco “McGuffin” - dispositivo narrativo na forma de algum objetivo ou objeto desejado que o protagonista persegue sem nenhuma explicação narrativa ou importância. Essa é a série cômica “Mrs. Davis” (2023- ): uma IA torna-se o tecido da vida cotidiana. Mas uma freira acha que há algo errado com algo tão onisciente e onipresente – seria como adorar um falso Deus. E planeja desligá-la, após encontrar o Santo Graal. “Mrs. Davis” é a série mais comicamente niilista da temporada: e se religião e tecnologia forem a mesma coisa?

sábado, maio 20, 2023

'Sick of Myself': cultura do narcisismo ou como esquecer quem você já foi um dia


Até onde podemos chegar para ganhar atenção e aprovação dos outros? E se o custo para conseguir isso for performar um eu até você esquecer quem já foi um dia? A comédia dramática norueguesa “Sick of Myself” (2022, disponível na plataforma MUBI) discute a cultura do narcisismo contemporâneo que chega ao auge na cultura influencer das mídias sociais. O filme cria uma metáfora poderosa: o narcisismo como deflação do ego - quanto mais se aproxima da fama, mais literalmente o corpo se auto consome e se destrói; ou a fronteira com a ilegalidade desaparece. “Sick of Myself” joga com a reversibilidade irônica do narcisismo moderno: ao invés do excesso de ego, quanto mais procuramos o centro das atenções e a aprovação dos outros, mais somos ameaçados pela desintegração e o vazio interior.

quinta-feira, maio 11, 2023

Hiperliberalismo, pós-morte e Cinetanatologia na série 'Amanhã'


As representações no cinema e audiovisual sobre o Além e a vida após a morte são um verdadeiro sismógrafo do que ocorre aqui entre os vivos. É o que este Cinegnose chama de “Cinetanatologia”: o estudo das diferentes representações da morte e do além-túmulo no cinema e audiovisual. Um bom exemplo é a série Netflix sul-coreana “Amanhã” (Tomorrow, 2022- ) que revela como a representação do além-túmulo daquele país reflete o mal-estar entre os vivos: a crescente onda de suicídios, bullying e violência escolar. Um Céu corporativo preocupa-se com a ameaça da falência decorrente da superpopulação de almas de suicidas que chegam. Por isso, cria uma equipe de “Gestão de Riscos” para convencer depressivos, desempregados e perdedores em geral do país para não se matarem. “Amanhã” é uma série de comédia dramática que revela como o céu ficcional reflete o hiperliberalismo sul-coreano: a religião secularizada da meritocracia.

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