sábado, dezembro 30, 2017

Mídia esvazia significado oculto do Ano Novo


Nesse momento de contagem regressiva para o Ano Novo, cada telejornal e programa de entretenimento recorre à pauta de sempre: as resoluções para o novo ano e as simpatias e crendices para o reveillon. Principalmente agora, época em que desempregados e trabalhadores temporários foram reciclados como “empreendedores” para tentar elevar o astral da patuleia. Mas tudo isso esconde um significado oculto e milenar das festividades de final de ano que envolve “Janus” -  a divindade indo-europeia ambivalente com duas caras, uma olhando para o futuro e a outra para o passado. De onde veio “Janeiro”, cujo primeiro dia do mês na Roma antiga era dedicado a rituais e sacrifícios ao deus criador das mudanças e transições, como progressão do passado para o futuro, de uma visão para a outra, de um universo para o outro. Janus olhava para o futuro, mas também para o passado para lembrar e aprender. Mas para grande mídia é apenas a comemoração do fim de uma ano velho e a celebração otimista de um ano supostamente novo. Não olhar para o passado e repetir os mesmos erros no futuro. Celebrar o esquecimento.  

quinta-feira, dezembro 28, 2017

No oitavo aniversário "Cinegnose" atualiza lista com 101 filmes gnósticos


Nesse mês o “Cinegnose” faz aniversário. Oito anos analisando filmes gnósticos e também os chamados "filmes estranhos" - "weird movies". Procurando mapear, seja nos filmes hollywoodianos, pop ou no cinema de arte, a presença e evolução dos diversos elementos gnósticos e simbolismos místicos ou esotéricos associados ao sincretismo do chamado Gnosticismo Hermético. Também baixamos à terra, onde “Cinegnose” exerceu a crítica à política da grande mídia e à cultura pop – instrumentos que perpetuam a ilusão desse mundo. Afinal, esse é o plot central do drama cósmico narrado pela Cosmogonia gnóstica. Para comemorar esse oitavo aniversário, o “Cinegnose” atualizou a lista dos filmes que receberam o “Certificado de Filme Gnóstico” do blog. Agora são 101 filmes, analisados ao longo desses anos. Certamente filmes diante dos quais não podemos passar indiferentes. Pelo menos, enquanto estivermos nesse mundo.

segunda-feira, dezembro 25, 2017

Os sinais silenciosos que antecedem um golpe em "The Handmaid's Tale"


Para a revista “New Yorker”, publicação dos leitores bem pensantes liberais dos EUA, a série “Handmaid’s Tale” (2017-) é um “distópico conto feminista” da atual era Trump. Mas enquadrar a produção da plataforma de streaming Hulu nesse clichê é confirmar aquilo que a própria série alerta: ao qualificar os sinais do conservadorismo apenas como excrescências religiosas de gente ignorante é mau informada, reduzimos tudo a uma estranha normalidade, sem percebemos os sinais silenciosos cotidianos que antecedem os golpes políticos. Em “The Handmaid’s Tale” a América foi dominada por um estado teocrático fundamentalista cristão. Um desastre ambiental tornou a maioria das mulheres estéreis. As poucas mulheres férteis foram subjugadas e transformadas em “servas”, reduzidas a aparelhos reprodutores de uma elite dominante masculina. O Congresso, a Casa Branca e o Supremo Tribunal foram massacrados e a Constituição foi substituída pela leitura radical dos versículos da Bíblia.    

domingo, dezembro 24, 2017

O espírito do tempo do Natal em "Santa Claus" e "Star Wars Holiday Special"


O que há em comum entre o filme mexicano “Santa Claus” (1959, aka “Santa Claus vs. The Devil”) e “Star Wars Holiday Special” (1978), o especial de Natal da CBS, considerado a pior coisa já feita para a TV? Cada uma dessas produções, na sua época, traduziu o Natal de acordo com o “espírito do tempo”. O primeiro, na esteira do início da corrida espacial e Guerra Fria EUA e URSS. E o segundo, no rastro do sucesso do filme de 1977, já antevendo o computador pessoal e compras e comunicação através da Internet. Contextos tecnológicos e políticos diferentes que criaram, cada um no seu tempo, formas diferentes de interpretar os simbolismos natalinos: o primeiro, global; o segundo, cósmico. Mas os destinos das produções foram diferentes: “Santa Claus” foi um dos filmes natalinos mais reprisados da TV norte americana; enquanto “Star Wars Holiday Special” foi renegado pelos atores, fãs e pelo próprio George Lucas: “eu queria apenas tempo e um martelo para destruir cada cópia”, lamentou.

quinta-feira, dezembro 21, 2017

Globo faz mais três "Contos Maravilhosos" para Natal do mérito-empreendedor


“Olhe sempre para o lado brilhante da vida”, cantava um condenado à morte pelos romanos, na cruz, no filme “A Vida de Brian” do grupo inglês de humor Monty Python. Diante de uma realidade birrenta e teimosa que insiste em contradizer a pauta da “retomada do crescimento econômico”, a mídia corporativa faz como Eric Idle cantando naquele filme: tenta transformar más notícias em positivos “Contos Maravilhosos”, conceito dos estudos de narratologia do pesquisador Vladimir Propp – contos mágicos de perda e recompensa. Para tentar elevar o astral da patuleia, agora convertida em mérito-empreendedores, a Globo criou mais três edificantes contos para as festas de fim de ano: os contos maravilhosos sobre o botijão de gás, o Conto Maravilhoso do resgate dos valores natalinos e uma novidade – o Meta Conto Maravilhoso da jornalista demitida.

terça-feira, dezembro 19, 2017

Bebês, repolhos e Papai Noel no cruel mundo adulto de "Patch Town"



Bebês, pés de repolhos e Papai Noel numa fábula sobre um mundo adulto que prepara crianças para o futuro cruel que as espera – a exploração física e psíquica pelo trabalho e sociedade de consumo. Um filme que combina a iconografia da era soviética, folclore europeu oriental, a mitologia gnóstica do demiurgo, Papai Noel e elfos. Um mundo no qual bebês são recolhidos em campos de repolhos para serem vendidos como bonecas para crianças de todo o mundo. Para depois serem recolhidas pelo “Coletor de Crianças”, a memória delas apagada e em seguida exploradas em uma fábrica que produzirá mais bonecas com bebês presos em seu interior. Tudo com pitadas de cenas musicais e dança. Este é o estranho filme canadense “Patch Town” (2014): um cruzamento da estética “dark” de Tim Burton com as atmosferas opressivas de Terry Gilliam. 

sábado, dezembro 16, 2017

Nossas vidas são estradas e escadarias infinitas no filme "El Incidente"


Será que na realidade somos como pobres hamsters prisioneiros de uma roda que gira eternamente sem nos darmos conta da nossa terrível situação?  Será que repetimos sempre os mesmos gestos, em um mesmo cenário, sempre com os mesmos efeitos e as mesmas consequências? Poderia ser essa a definição de loucura: tentar resultados diferentes repetindo a mesma rotina? Duas estórias paralelas com personagens presos em loops espaço-tempo eternos – um grupo em uma escadaria e uma família prisioneira em uma estrada infinita na qual o sol nunca se põe. Esse é o filme mexicano “El Incidente” (2014) do jovem diretor Isaac Ezban. Uma ambiciosa ficção científica metafísica que aproxima as geometrias impossíveis de M.C. Escher com o universo conspiratória de Philip K. Dick, procurando aproximar a hipótese da existência dos mundos paralelos da cosmogonia dos diversos “céus” dos antigos gnósticos.

Três "Contos Maravilhosos" para novos mérito-empreendedores


Hoje a grande mídia esforça-se para demonstrar imparcialidade para não se desmoralizar de vez diante de telespectadores e leitores. Diante da crise econômica crônica e da tragédia social brasileira, a mídia é obrigada a abandonar o confortável campo semiótico da dissimulação (simplesmente mentir, omitir ou censurar) para aplicar a estratégia mais trabalhosa da simulação: tem que mostrar as mazelas brasileiras. Mas o desafio é transformá-las em “contos maravilhosos” no sentido dado pelo pesquisador de narratologia, Vladimir Propp – o estudo da estrutura narrativa recorrente em todos contos de fadas. Agora o jornalismo corporativo tenta transformar personagens anônimos da tragédia brasileira em protagonistas de contos de fadas pós-modernos. O “Cinegnose” analisa três contos maravilhosos midiáticos: o conto “a economia alquímica para as massas”, o conto do “presépio vivo de uma moradora de rua” e o conto “a virada maravilhosa de um homem em um economia que cresceu 0,1%”.

quinta-feira, dezembro 14, 2017

Trump inventou a "Meta-False Flag" em explosão de Nova York?


À primeira vista a explosão de uma bomba caseira atada ao corpo de um homem em estação de ônibus e metrô em Nova York parece ser mais do mesmo: um não-acontecimento (aqueles fatos que são relações públicas de si mesmos) com timing, ambiguidades, anomalias, a indefectível narrativa do “lobo solitário” etc. E um homem que se explode “acidentalmente” e sobrevive apresentando um aspecto de um personagem de desenho animado chamuscado. Mas Donald Trump deu o toque de novidade: imediatamente após o suposto atentado, um tweet no qual o próprio presidente sugere que o episódio foi uma “fake news”, atacando os canais CNN e MSNBC. Uma curiosa “Meta-False Flag”? Por que Trump acusa de “fake news” um episódio no qual saiu ganhando? Para a grande mídia, o “atentado” foi retaliação contra o anúncio da transferência da embaixada dos EUA para cidade santa de Jerusalém. Ou mais um “não-acontecimento”, desta vez com objetivo de desviar a atenção da opinião pública da derrota norte-americana diante da tática de dissuasão nuclear da Coréia do Norte?

domingo, dezembro 10, 2017

Curta da Semana: "Where Are They Now?" - uma cilada destruiu Roger e Jessica Rabbit


Onde estão os ícones da animação dos anos 1980 como He-Man, Roger e Jéssica Rabbit (do filme "Uma Cilada Para Roger Rabbit"), o Esqueleto, Garfield, Popeye, Mumm-Rá, muito tempo depois do auge? Como seria a realidade das suas vidas atuais? O animador inglês Steve Cutts (conhecido por narrativas críticas sobre a vida moderna) os imagina viciados, obesos, compulsivos, desempregados ou subempregados em call-centers e caixas de supermercados. Esse é o argumento do pequeno curta “Where Are They Now?” (2014): heróis que perderam a batalha final contra inimigos mais poderosos do que vilões desse ou do outro mundo: o mundo corporativo, o trabalho precarizado e o desemprego crônico. E terminaram esquecidos porque acabaram ficando parecidos demais com os espectadores.

sábado, dezembro 09, 2017

A batalha humana de lembrar e esquecer em "Marjorie Prime"



O que é a memória? Um poço profundo no qual resgatamos lembranças? Ou apenas lembramos da últimas vez que lembramos? Cópias de cópias de lembranças cada vez mais inexatas. E se uma Inteligência Artificial fosse programada com nossas memórias? Seria um poço de lembranças ou uma máquina que cobre a lacuna das nossas memórias apenas com simulacros? Esse é o tema de “Marjorie Prime (2017) – num futuro indeterminado foi introduzido um serviço que permite “ressuscitar” a pessoa amada de forma holográfica, “primes” programados pelas memórias do usuário e familiares. Mas essas próteses de memórias não serão nem humanizadas e muito menos pretenderão nos subjugar. Serão apenas testemunhas passivas da nossa desumanização. Filme sugerido pelo nosso infalível leitor Felipe Resende.

quinta-feira, dezembro 07, 2017

Mídia dilui significado da descoberta de papiro com "ensinamentos secretos" de Jesus


As notícias foram dadas como alguma coisa entre Indiana Jones, conspirações do “Código da Vinci” de Dan Brown ou sobre Jesus convenientemente próximo do Natal. As notícias sobre a descoberta do manuscrito em grego do “Primeiro Apocalipse de Tiago” (manuscrito apócrifo gnóstico até então conhecido em linguagem copta da chamada “Biblioteca de Nag Hammadi”), perdido no acervo da Universidade de Oxford, foram cercadas por uma mitologia midiática que sempre é acionada para diluir aquilo que é de mais virulento e revolucionário no Gnosticismo (razão pela qual foi tão perseguido por toda a História): os conflitos políticos e econômicos como parte do drama de uma luta cósmica entre o Bem e o Mal, sem superação dialética ou solução evolutiva. A grande mídia cobriu a descoberta como “religiosa”, diluindo a potencial ameaça às instituições desse mundo: de que Jesus não veio para nos “salvar”, mas para nos revelar algo que já existe dentro de nós – apenas nos fazem esquecer através de ilusões. E a mídia que “noticia” a descoberta do manuscrito é uma delas.

terça-feira, dezembro 05, 2017

Para a Globo, vingança é um prato que se come... quente!


Diz o ditado, imortalizado no livro “O Chefão”, de Mário Puzzo, na fala de Dom Corleone: “A vingança é um prato que se come frio”. Mas para a Globo não é bem assim: deve-se servir bem quente. Ataque e contra-ataque, retaliatório e vingativo. O candidato à presidência Jair Bolsonaro (criatura que emergiu da lama psíquica que a Globo remexeu para engrossar o caldo do impeachment) acusou a emissora de “emplacar o Lula” e ameaçou, “quando chegar lá”, reduzir pela metade a verba publicitária da emissora. Foi o bastante para de imediato o jornal “O Globo” denunciar, em letras garrafais, o nepotismo do deputado no Congresso. Mais um episódio que comprova como o jornalismo global nunca esteve no campo da informação – se isolou num fechado sistema tautista de autopreservação. Quando vê ameaçado seus interesses logísticos e econômicos (da política ao futebol), escala seus apresentadores e colunistas para colocar suas “grifes” como ventríloquos dos “furos” que rapidamente descem da cúpula para o piso da redação. Chamam isso de “jornalismo investigativo”.

domingo, dezembro 03, 2017

Em "Cosmodrama" Ciência, Religião e Filosofia travam duelo sem rumo


Sete astronautas, acompanhados por um cachorro e um chipanzé, acordam em uma espaçonave depois de saírem do estado de criogênico. Nenhum deles sabe o que está fazendo ali ou qual o destino final da viagem. Aparentemente a nave (um mix vintage da “Discovery” de “2001” e a “Enterprise” da série de TV “Star Trek”) está programada para funcionar automaticamente. Eles apenas terão que confiar na própria capacidade de observação para especular o propósito de tudo aquilo. Logo descobrirão que cada um é especialista em um área do conhecimento: Psicologia, Astronomia, Semiótica, Jornalismo, Filosofia, Biologia e Genética. Esse é o filme francês “Cosmodrama” (2015) de Phillipe Fernandez. Com delicadeza e humor, através de gags e situações absurdas, introduz o espectador às grandes especulações cosmológicas sobre o início e o fim do Universo: o Big Bang, a Eternidade, o design inteligente e o universo holográfico. Ciência, Religião e Filosofia duelam entre si para entender o propósito da existência. Porém, o mistério maior permanece: mas afinal, o quê é aquela espaçonave? Com a colaboração do nosso infalível leitor Felipe Resende.

quinta-feira, novembro 30, 2017

O jogo da simulação de censura Globo/Gabriel Bá


Nas redes sociais indignação. O desenhista Gabriel Bá apareceu no talk show da Globo “Conversa com Bial” com seu indefectível boné verde – marca registrada do artista. Só que dessa vez com a estrela vermelha coberta de forma improvisada com duas fitas isolantes preta. “Evite números ou símbolos para que não haja associação a marcas ou partidos políticos”, teriam dito os figurinistas nos camarins. “Censura!”, gritaram internautas. Se foi mesmo censura, como pode a Globo fazê-la de forma tão tosca e improvisada? O episódio apresenta algumas dissonâncias que sugerem mais uma estratégia de manipulação. Mas dessa vez não mais no campo semiótico da “dissimulação” – esconder, mentir, censurar. Mas agora no campo da “simulação”: propositalmente tornar o evento visível (a suposta “censura”). Para quê? Para a Globo tentar se livrar de mais um dos seus dilemas: depois de anos de oposição política explícita explorando símbolos e números de forma até subliminar, agora, candidamente, tenta demonstrar que possui uma linha editorial “imparcial”. E o artista, assim como os indignados críticos, participaram inconscientes desse blefe.

quarta-feira, novembro 29, 2017

"Crumbs": o primeiro sci-fi da Etiópia é sobre o apocalipse ocidental


Em um mundo pós-apocalíptico, um homem fará uma jornada espiritual em busca do... Papai Noel, para que realize seu sonho de leva-lo para uma espaçonave que está parada no céu. Enquanto isso, sua esposa reza num altar com a foto de Michael Jordan para que divindades como “Justin Bieber IV” e “Paul MacCartney XI” os proteja nessa difícil missão. Esse é o primeiro filme de ficção científica da Etiópia: “Crumbs” (2015) de Miguel Llansó sobre um futuro em que tudo o que restou da antiga civilização foram brinquedos, objetos e detritos de plástico e vinil da extinta cultura pop. Sem terem a memória do mundo anterior ao apocalipse, criaram uma nova mitologia transformando todos esses restos do passado em símbolos místico-religiosos e amuletos de sorte. Toda a bizarrice e surrealismo de “Crumbs” nos faz pensar: assim como eles, será que também mitologizamos símbolos e objetos antigos, criando novas religiões tão loucas quanto as do filme “Crumbs”?

segunda-feira, novembro 27, 2017

Curta da Semana: "Happiness" - quando a felicidade vira ideologia


Como pode ser prometida a felicidade numa sociedade de competição generalizada? Uma competição tão naturalizada e entranhada cuja narrativa teria seu início na seminal corrida dos espermatozoides na reprodução humana. A felicidade somente seria possível no plano da ideologia: a felicidade individual às custas da infelicidade da maioria. Esse é o tema do curta de animação “Happiness” (2017) do britânico Steve Cutts: ratazanas antropomorfizadas correm frenéticas em metrôs, ruas, calçadas e shoppings lotados, lutando entre si pela posse de mercadorias em uma Black Friday selvagem. E todos cercados por centenas de peças publicitárias que prometem felicidade com a compra de qualquer coisa. Quanto maior a infelicidade que a competição provoca, mais valorizada é a mercadoria “felicidade” no mercado. A sátira social do curta “Happiness” questiona o modelo de felicidade prometido, com ácida ironia.

domingo, novembro 26, 2017

Filme "Solaris" de Tarkovsky é o anti-"2001" de Kubrick


Andrei Tarkovsky considerava “2001: Uma Odisseia no Espaço” de Kubrick um filme “estéril”. Por isso, “Solaris” (1972), produção do cineasta soviético, foi considerado pela crítica o filme “anti-2001”: se os EUA ganharam a corrida espacial colocando o primeiro homem na Lua, no cinema a URSS ganharia a Guerra Fria fílmica ao desconstruir o gênero ficção científica que legitimava a conquista do espaço. De certa forma, Solaris foi o primeiro filme PsicoGnóstico: há uma planeta, uma estação espacial e astronautas. Mas tudo não passa de um álibi para discutir como o tema das viagens espaciais são um mito que esconde a verdadeira viagem: lá em cima, ao descobrirmos que estamos só em um Universo vazio e sem propósito, faremos uma viagem no interior do nosso próprio psiquismo. Um planeta com um misterioso oceano que prova aos cientistas de uma estação espacial de que não precisamos de outros mundos. Precisamos de espelhos.

sábado, novembro 25, 2017

Grande mídia transforma Black Friday em Teleton da Era Temer


Um repórter cobrindo ao vivo um congestionamento de empilhadeiras em um depósito central de produtos vendidos pela Internet. Enquanto isso, uma outra repórter foi destacada para ficar o dia inteiro numa espécie de “sala de guerra” na qual, através de um telão, as vendas e os números acumulados dos valores dos descontos eram acompanhados em tempo real . Agora o viés da grande mídia para a Black Friday virou uma espécie de Teleton comercial. Só que ao invés de um evento em prol de crianças que necessitam de cuidados especiais, agora virou uma espécie de contagem progressiva de um País que estaria saindo da crise. Basta um simples exercício de jornalismo comparado para perceber a radical mudança de viés, principalmente da Globo: se de 2010 a 2015 (período do jornalismo de guerra e de esgoto) era “Black Fraude” e “Black Friday da crise”, agora tornou-se indicador de um País que lentamente estaria saindo do buraco depois da “irresponsabilidade fiscal” do passado. Além de revelar mais uma contradição em que a Globo se mete: ao mesmo tempo que pede a cabeça de Temer para aparentar imparcialidade, tem que defender as reformas daquele que supostamente quer derrubar.

quarta-feira, novembro 22, 2017

O niilismo gnóstico de Tarkovsky contra Ciência, Religião e Arte em "Stalker"


“Stalker” (1979), segundo filme de ficção científica do soviético Andrei Tarkovsky após “Solaris” (1972), está conectado tanto com o passado quanto futuro: com a misteriosa explosão em Tunguska, Sibéria, em 1908 e com o acidente nuclear de Chernobyl em 1986, cujo argumento do filme foi estranhamente profético. Um stalker (guia ilegal) conduz um cientista e um escritor para “A Zona” – região misteriosa desértica e em ruínas (lá teria caído um asteroide ou nave alienígena) cercada por forte aparato policial. Nessa zona proibida existiriam estranhos poderes capazes de realizar os desejos mais recônditos de quem sobrevivesse a suas armadilhas mortais. Para Tarkovsky, “A Zona” seria o microcosmo da própria vida: Ciência, Arte e Religião se confrontam em uma batalha niilista para ver quem herdará o que restou da sociedade moderna – mesmo depois do fim, a ilusão, a fé vulgarizada e oportunismo lutam entre si.

domingo, novembro 19, 2017

Hollywood abriu as portas para ocultismo e maldições com o filme "Incubus"


Os críticos consideram o filme “mais amaldiçoado da história do cinema”. Um filme que abriu as portas para o ocultismo e hermetismo em Hollywood numa década de “despertar místico e religioso” através das viagens alucinógenas do psicodelismo e estados alterados de consciência. O Filme “Incubus” (1966) foi dirigido e escrito por Leslie Stevens (criador da série de TV “Quinta Dimensão”) e protagonizado por William Shatner, um ano antes de viver o capitão Kirk da série “Star Trek”. Desde sua estreia, “Incubus” foi marcado por suicídios, assassinatos, falências, divórcio e incêndio. Tão amaldiçoado que o diretor tirou o filme de circulação e os negativos foram destruídos. Para em 1996 uma cópia ser encontrada na França e recuperada para relançamentos em VHS e DVD. E logo em seguida reiniciaram as “coincidências” fatais. Muitos pesquisadores em Sincromisticismo consideram Hollywood um “centro de recrutamento de médiuns”, manipulando voláteis e perigosas formas-pensamento e arquétipos do inconsciente coletivo. “Incubus” seria um caso exemplar.

sexta-feira, novembro 17, 2017

FBI, FIFA e a nota oficial "tautista" da Globo



Nem a Patafísica (a “ciência das soluções imaginárias”) de Alfred Jarry ou o teatro do Absurdo de Backett conseguiriam imaginar um texto tão tautológico, circular, auto-referencial e metalinguístico como a nota oficial da Globo diante do escândalo das denúncias na Justiça dos EUA do pagamento de suborno pela emissora para a FIFA para ter a exclusividade nas transmissões do futebol: “após dois anos de investigações internas, a Globo apurou que jamais realizou pagamentos não previstos em contratos...”, leu a nota um constrangido jogral de apresentadores do JN. Desde que o ex-apresentador do Globo Esporte, Tiago Leifert, transformou a inauguração de um ônibus-estúdio em notícia mais relevante do que o próprio treino da seleção brasileira que deveria cobrir, a emissora vive um processo de negação “tautista” (tautologia + autismo) no qual transforma “eventos” em produtos próprios, criando uma atmosfera de amoralidade e blindagem. Assim como as telenovelas. Mas isso pode lhe custar caro: não perceber que a investida do FBI contra a FIFA (atingindo diretamente a Globo) é mais uma estratégia de lawfare na geopolítica dos EUA. Dessa vez, para reconfigurar o cenário da grande mídia mundial.

quarta-feira, novembro 15, 2017

A fé em um mundo sem Deus no filme "Entre o Bem e o Mal"




“Entre o Bem e o Mal” (“Adams Æbler”, 2005), comprova a tese de que os melhores filmes religiosos no cinema foram feitos por ateus. Escrito e dirigido pelo dinamarquês Anders Thomas Jensen, é uma tragicomédia de humor negro sobre um neonazista condenado a prestar serviços comunitários em uma remota igreja no campo. Lá encontra um padre cuja fé é baseada em um patológico otimismo de negação da realidade, e dois ex-presidiários: um muçulmano que continua roubando postos de gasolina à noite e um ex-jogador dinamarquês de tênis profissional, alcoólatra e cleptomaníaco. Mas o sacerdote acredita na bondade humana, mesmo em um neonazista que esmurra sua cara. O filme baseia-se em um argumento paradoxal: pouco importa sabermos se Deus existe, se continuaremos sofrendo do mesmo modo. Portanto, só nos restaria a solução introspectiva pessoal: a fé em um mundo sem Deus. Filme sugerido pelo nosso leitor... você sabe quem: Felipe Resende.

segunda-feira, novembro 13, 2017

Hans Donner mostra nova bandeira no "Fórum do Amanhã" olhando para o ontem


As leis trabalhistas foram “modernizadas”, assim como o próprio trabalho com os ventos “modernizadores” do empreendedorismo e agora luta-se para que toda essa “modernização” alcance também a Previdência Social. Mas falta algo, alguma coisa que sinalize essa nova visão de país e inspire o povo. Para o designer gráfico Hans Donner, isso somente será possível com uma bandeira nacional também “modernizada” – com degradês, efeitos 3D, e a palavra “Amor” antes do lema “Ordem e Progresso” com a faixa apontando para cima, para dar “poder” ao povo... O designer austríaco apresentou o projeto em um evento chamado “Fórum do Amanhã” em MG, e pretende levá-lo ao Congresso para implementação. Ironicamente, em um evento sobre o “amanhã”, Donner apresenta uma bandeira retro-futurista igual a marca visual da Globo das décadas passadas, que hoje nem a própria emissora adota mais, privilegiando um visual “orgânico” e menos artificial. A “nova” bandeira nacional de Hans Donner certamente está menos na estética, e muito mais no campo dos sintomas: sinais expressados por uma elite que fala em futuro, mas com os olhos sempre mantidos no passado. Para deixar o presente igual o ontem: o futuro do pretérito.

domingo, novembro 12, 2017

Curta da Semana: "Working With Jigsaw" - Como se vingar do chefe com jogos mortais


A franquia “Jogos Mortais” acabou e o pequeno fantoche Jigsaw teve que se virar e arrumou um emprego em um escritório como qualquer mortal. Mas velhos hábitos são difíceis de esquecer. E Jigsaw inferniza os seus colegas de trabalho com mais jogos “mortais”, dessa vez com ameaçadores post-its, fitas adesivas, pop ups pornográficos saltando em telas de computadores e mouses com alfinetes... Esse é o impagável argumento do curta “Working With Jigsaw”(2016) no qual o sádico fantoche vinga-se dos seus chefes que acusam seus jogos de diminuir a “produtividade” e “sinergia” da empresa. Um curta que suscita uma interessante analogia: como os jogos das relações humanas corporativas muitas vezes podem ser tão sádicos e arbitrários quanto os do filme “Jogos Mortais”.

sábado, novembro 11, 2017

A cobertura midiática do Enem: muito além do "fact-checking"


Até 2015, o Enem era noticiado pela grande mídia como “eleiçoeiro” e “populista”, uma “fogueira” (a “fogueira do Enem”) na qual os alunos viviam assustados e lesados com sucessivas denúncias de fraude e desorganização. A partir do ano passado, tudo mudou como num passe de mágica: agora é o “Enem nota 1.000” para aqueles alunos mais “focados e determinados” no qual fraudes são problemas pontuais tecnicamente resolvidas, sem mais o protagonismo do Judiciário. Depois de anos do jornalismo de guerra no esgoto, a grande mídia tenta recuperar o seu produto tão vilipendiado: a notícia. Enquanto joga ao mar antigos líderes como o jornalista William Waack para recuperar uma suposta isenção, apoia agências de “fact-checking” para se prevenir das “fake news” que ela própria inventou. Mas pela sua missão de salvar as aparências, o “fact-checking” ignora as mudanças do viés atribuídos aos fatos ao longo do tempo, de acordo com a mudança do contexto. A mudança da cobertura midiática dada ao Enem de 2009 a 2017 é um caso exemplar: a mentira não está apenas no ocultamento ou na invenção – está na angulação, seleção e edição.

sexta-feira, novembro 10, 2017

Globo despacha William Waack para tirar a lama das próprias mãos


Assim como no episódio do assédio sexual do ator José Mayer (naquele momento a Globo fez o cast feminino da casa vestir uma camiseta estampada “Mexeu com uma mexeu com todas”), da mesma maneira prontamente a emissora despachou William Waack depois da repercussão de um antigo vídeo no qual o jornalista fazia afirmações racistas em tom de galhofa enquanto aguardava para entrar ao vivo. Fosse em outros tempos, episódios como esses entrariam para o folclore da história dos bastidores televisivos.  Quem armou essa cilada contra William Waack levou em conta o atual contexto delicado da Globo: depois de seu jornalismo de guerra nos últimos anos ter dado visibilidade e repercussão à direita raivosa (aquela que vê o “politicamente correto” como “conspiração comunista”) para acirrar a crise política que culminaria no impeachment, agora a emissora tenta limpar suas mãos da lama que estrategicamente revolveu por anos. Disse em nota que é “visceralmente contra o racismo”. A Globo tenta ignorar de forma tautista a patologia psíquica que ajudou a incitar, da mesma maneira como até hoje tenta provar que nada teve a ver com a lama da ditadura militar que ajudou a esconder. 

quinta-feira, novembro 09, 2017

A vida entre o milagre e o caos em "The Frame"



Cada vez mais filósofos, físicos e matemáticos suspeitam que o Universo seria um gigantesco game de computador ou algum tipo de simulação tecnológica. Qual a principal evidência? A capacidade humana de também criar simulações e ilusões narrativas como o Cinema, TV e games de computador. Em “The Frame” (2014), Jamin Winans (“Ink”) propõe uma espécie de quebra-cabeças metafísico inspirado no célebre “Princípio da Correspondência” do Hermetismo: assim como roteiristas escrevem narrativas e dramas de protagonistas enquadrados pelos planos de câmera vistos pelos espectadores no cinema e na TV, será que da mesma forma nossas vidas seriam, nesse momento, roteirizadas e editadas como algum tipo de série assistida por alguma divindade malévola no além? Os produtos audiovisuais funcionariam como pequenos fractais – tal como o fracta na geometria, um fragmento que reproduz dentro de si, infinitamente, o padrão do todo. Esta é a curiosa “narrativa em abismo” gnóstica proposta por Jamin Winans em “The Frame”.

segunda-feira, novembro 06, 2017

O sonambulismo gnóstico-noir em "Sleepwalker"



Uma mulher traumatizada pela morte do seu marido convive com sérios distúrbios do sono: sonambulismo, insônia e pesadelos. Sob tratamento em uma clínica especializada, finalmente consegue um sono reparador. Porém, algo de assustador começa a acontecer: a cada despertar, é como se acordasse em uma realidade alternativa com um novo sobrenome e pessoas conhecidas que não se lembram dela. “Sleepwalker” (2017) é um curioso filme que transita entre a estética “noir” (ninguém é o que aparenta ser), uma estranha atmosfera retro atemporal e a narrativa gnóstica sobre uma protagonista que parece navegar por diversas realidades em busca de memórias perdidas e crescente paranoia. O sonambulismo é o elo que em “Sleepwalker” une o “noir” com o gnóstico: estar desperto em um sonho é um evento marcado por uma forte carga simbólica de alguém que tenta acordar e encontrar a verdade. Filme sugerido pelo nosso antenado leitor Felipe Resende.

sábado, novembro 04, 2017

Fantasma do Gnosticismo ronda CERN: para pesquisadores Universo não deveria existir!


Quanto mais a Ciência se distancia do antigo modelo mecanicista de Universo, curiosamente mais se aproxima da antiga Cosmogênese do Gnosticismo e da mitologia grega na qual mesmo o poderoso Zeus estava submetido às leis do Senhor do Tempo – Cronos. Pesquisadores do CERN perplexos afirmam: o Universo não deveria existir! Sem conseguirem encontrar assimetria entre matéria e anti-matéria, os pesquisadores atestam que o Universo deveria ter se auto-aniquilado no segundo seguinte à Criação após o Big Bang. Ao mesmo tempo, cientistas do Instituto Max Planck na Alemanha chagaram a dados relativos à energia interna de um buraco negro que inesperadamente confirmam a hipótese do Universo Holográfico – em algum lugar nos limites do Universo existiu uma superfície 2D que “codificou” toda a informação que descreve a nossa realidade 3D + Tempo. A improbabilidade do Universo seria mais uma evidência do cosmos ser uma simulação finita? 

quarta-feira, novembro 01, 2017

As 10 revelações gnósticas na série "Philip K. Dick's Electric Dreams"


Philip K. Dick escreveu seus contos sob a sombra do macarthismo da Guerra Fria onde a lealdade e confiança eram as principais armas contra a traição e delação de um sistema totalitário. Mas para ele, esse sistema não era apenas político, mas cósmico – obra de um Deus demente, um Demiurgo Criador que nos aprisiona por meio da ilusão moral (culpa) e ontológica (o princípio de realidade). A nova série da rede britânica Channel 4 “Philip K. Dick’s Electric Dreams” (2017-) adapta esses contos de ficção científica que conduziram o escritor até a violenta epifania mística em 1974, na qual teve visões, sonhos e revelações místico-religiosas que o levaram ao gnosticismo cristão. Os 10 contos que compõem a primeira temporada da série apresentam não só a atmosfera do anticomunismo da Guerra Fria do momento em que foram escritos. Mas didaticamente nos mostra os 10 grandes princípios da Revelação Gnóstica que orientaram toda a obra do escritor. Por isso Philip K. Dick tornou-se visionário: cada vez mais a realidade atual se assemelha a um conto dele.

domingo, outubro 29, 2017

Curta da Semana: "Dive" - o espelho muito além de Narciso


Em todas as culturas, o espelho inspira tanto o medo (o duplo como prenúncio da morte) como o reflexo da verdade e sinceridade. Porém, na nossa cultura de selfies e redes sociais, ressuscitamos o mito de Narciso, apaixonando-nos apenas pela superfície dos reflexos e imagens. Mas, e se os nossos reflexos se rebelaram contra nós e, simplesmente, darem as costas, assim como naquele famoso quadro do pintor surrealista Rene Magritte? Esse é o tema do curta australiano “Dive” (2014): um homem que perdeu tudo, a tal ponto que o próprio reflexo está lhe abandonando. Mas ele descobrirá algo mais, para além da superfície do espelho: o abismo submarino do seu próprio inconsciente.

sábado, outubro 28, 2017

Madonna e Bono Vox fazem o País cair na real


Surreal ironia: enquanto o motorista da Universidade Federal conduzia este humilde blogueiro para uma palestra no Rio no dia 24, orientado por um aplicativo que em tempo real envia alertas de locais com tiroteios, assaltos e arrastões, lá em cima, em cerimônia no Cristo Redentor, estavam membros da elite artística e tecnológica global. Entre eles, Madonna, Bono Vox e Elon Musk, convidados para o casamento de uma modelo brasileira com um empresário da indústria do entretenimento mundial. No dia seguinte, Madonna posou na Rocinha com roupa de camuflagem ao lado de policiais orgulhosamente exibindo armas. Enquanto, na turnê brasileira, Bono Vox e o U2 hastearam a bandeira nacional em um telão sob a exortação “censura nunca mais!”. Casamentos-ostentação sempre ganham espaço na grande mídia em épocas de crise e acirramento da desigualdade. Mas dessa vez, o momento é especial: o ativismo-clichê de Bono Vox e a euforia de Madonna em área de violenta conflagração parecem querer transmitir uma mensagem para o mundo: Vejam! O Brasil voltou à normalidade – desempenhar o eterno papel de “país do futuro” enquanto oferece como “city tour” para turistas as mazelas da violência e apartheid social.

quinta-feira, outubro 26, 2017

"Cinegnose" debate na UFRRJ como o País foi psiquicamente envenenado pela grande mídia


Como foi possível uma ação midiática organizada ter não só desestabilizado um governo para jogar o País numa surreal crise política, mas também ter envenenado psiquicamente a esfera pública de opinião, travando o debate político racional pelo ódio e intolerância. Esse foi o tema central das discussões durante a apresentação que esse humilde blogueiro proferiu na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, na cidade de Seropédica, nessa última terça-feira. Sob o tema “Mídia, Hegemonia Política e Intervenção Social”, este editor do “Cinegnose” procurou articular os conceitos de “Bomba Semiótica” e “Guerra Híbrida” para entender os momentos em que a grande mídia nacional interveio politicamente, desde o golpe militar de 1964 até os atuais movimentos táticos da Guerra Híbrida. Como se forma uma engenharia de opinião pública e as possíveis táticas de “guerrilha antimídia”. E como as novas tecnologias e a blogosfera podem ser os instrumentos desse tipo de ação direta.

domingo, outubro 22, 2017

Editor do "Cinegnose" debate Mídia e Hegemonia Política na UFRRJ


Este editor do “Cinegnose” participa de mesa de debates “Meios de Comunicação e Intervenção Social” às 18h do dia 24/10 dentro do II Seminário Qualidade de Vida, Sustentabilidade e Economia Alternativa na Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro (UFRRJ), na cidade de Seropédica. Irei expor o tema “O Poder Político da Mídia Hegemônica” no qual descreverei os efeitos socialmente letais daquilo que as pesquisas desse blog chamam de “bombas semióticas” dentro de uma guerra geopolítica mais ampla – a “Guerra Híbrida”, nesse momento impactando o contínuo midiático nacional e por trás das diversas “primaveras” que rondaram o planeta nos últimos anos. E também uma avaliação das oportunidades de contra-hegemonia perdidas e a possibilidade de uma guerrilha semiótica anti-mídia.

sábado, outubro 21, 2017

Replicantes, mulheres empoderadas e o Feminino Divino em "Blade Runner 2049"


Por que as mulheres são as personagens principais de “Blade Runner 2049”? Depois de os replicantes amarem a própria vida mais do que os humanos a si mesmos, descobrem que ser inteligentes, fortes e resistentes só os tornam ainda mais escravos dos humanos. Os replicantes Nexus 8 vão ao encontro daquilo que é essencialmente humano, embora esquecido por todos nós: amor, nascimento e alma. Fiel ao Gnosticismo de Philip K. Dick no livro que inspirou a saga “Blade Runner”, Denis Villeneuve e o roteirista Hampton Fancher constroem uma narrativa baseada na oposição central da Cosmologia Gnóstica: a diferença entre “Criar” e “Emanar”: a Wallace Corporation cria ou fabrica replicantes, enquanto os replicantes descobrem tudo aquilo que pode ser “emanado” – aquilo que não se cria, mas nasce: amor e alma. Esse é o centro do conflito de “Blade Runner 2049”, no qual o mito gnóstico do Feminino Divino (assim como em “Mother!” de Aronofsky) é fundamental. Mulheres empoderadas, tanto para o bem quanto para o mal. 

quinta-feira, outubro 19, 2017

Para a CIA Plano Astral existe e é potencial arma de Parapolítica


Após dois anos de batalha judicial na qual ativistas processaram a CIA através da FOIA (Freedom of Information Act), a Agência foi obrigada a disponibilizar 800 mil documentos em sua biblioteca virtual disponível na Internet. Entre as 13 milhões de páginas revela-se o interesse da Inteligência militar por investigações sobre percepção extra-sensorial (ESP) e o Plano Astral. Dois documentos se destacam. O primeiro faz um resumo das investigações da CIA sobre o Plano Astral. E o segundo, um pequeno manuscrito sobre os perigos que envolvem essas pesquisas com referência a Aleister Crowley e o “ocultismo profano” Nazi. É sabido que durante a Guerra Fria os EUA fizeram intensas pesquisas sobre visão remota para espionagem. Mas os documentos dos anos 1980 sugerem algo além: contato com “energias inteligentes e não corporais” de outras dimensões e projeções da consciência ao passado e futuro. Será que, assim como no ocultismo nazi, também a Inteligência militar dos EUA tenta manipular potenciais armas de Parapolítica?

terça-feira, outubro 17, 2017

A Caverna de Platão vai ao espaço em "Órbita 9"


Um thriller romântico que simula ser um thriller de ficção científica. Num futuro onde a única esperança para os humanos é colonizar um planeta distante para fugir da Terra esgotada em seus recursos naturais e climáticos, uma astronauta solitária espera a chegada de um técnico que consertará o sistema de ventilação da nave ameaçada de esgotar o estoque de oxigênio. Será o primeiro ser humano que verá em toda a sua vida, reclusa naquela nave desde que nasceu. Esse é o filme espanhol “Órbita 9” (2017) que logo no início do filme revela para o espectador o segredo que envolve o Projeto de colonização, sugerindo uma espécie de “Show de Truman” sci-fi com alusões à Alegoria da Caverna de Platão. Mas na medida em que a narrativa avança passa a hibridar gêneros, pondo o foco em uma simples história de amor impossível. Mesmo assim, “Órbita 9” suscita outros temas como bioética e clonagem.

segunda-feira, outubro 16, 2017

Curta da Semana: "The Disappearance of Willie Bingham" - quando a justiça é privatizada


A atual agenda internacional das privatizações toma conta da grande mídia e do discurso de políticos e economistas. Preocupado com o alcance e consequências dessa panaceia que toma da opinião pública, o diretor australiano Matt Richards imaginou um futuro próximo no qual as privatizações alcançariam o sistemas judiciário, prisional e o próprio Estado de Direito. Resultado: o Direito e a Justiça viram commodities. E os limites entre a civilização e a barbárie começam a desaparecer. Combinando sci-fi, horror e humor negro, o curta “The Disappearance of Willie Bingham” (2015) mostra num futuro próximo na Austrália a “Amputação Progressiva”, nova forma de punição criada por um sistema judiciário privatizado que substitui a pena de morte, no qual a concessionária busca formas socialmente “sustentáveis” de punição: traga lucro para a empresa gestora, sirva de exemplos para “escolas problemáticas” e satisfaça o impulso de vingança das vítimas.

domingo, outubro 15, 2017

A noite, a insônia e a vingança em "Animais Noturnos"


“Animais Noturnos” (Nocturnal Animals, 2016) é uma delicioso conto de vingança. Não pelo sabor da violência da vingança em si, mas pelo caminho pela qual ela trilha: a insônia e as memórias. Ao fazer uma adaptação do livro de Austin Wright, o diretor Tom Ford produz mais um filme de uma recorrente mitologia gnóstica que envolve a insônia e a noite no cinema – momentos em que as ilusões e as aparências do dia são dissolvidos pelo silêncio noturno. A privação do sono como desencadeador daquilo que queremos esquecer: as diversas camadas de realidade do presente e do passado – culpa, remorso e as oportunidades perdidas de uma protagonista que esqueceu o idealismo da juventude em troca de uma vida materialmente bem sucedida como empresária do mercado de arte. Até receber os originais de um novo romance, um thriller brutal sobre uma família perseguida por uma gangue no Oeste do Texas que a fará fazer uma acerto de contas com suas escolhas na vida.

sexta-feira, outubro 13, 2017

O gênio da América e do Brasil profundos não quer mais voltar para a garrafa


O atirador de Las Vegas; o vigia que ateou fogo em crianças numa creche em Minas Gerais; o ex-vereador que se passava como policial federal e produtor da TV Globo para extorquir e estuprar e, diz, ainda pretende ser presidente do Brasil para “acabar com a corrupção”. Lá nos EUA como aqui no Brasil o gênio foi tirado da garrafa para eleger um presidente e desestabilizar governos. A grande mídia cobre esses casos como eventos isolados, inexplicáveis, como “fatos diversos” da irracionalidade humana reforçado pelos indefectíveis “especialistas-informação-de-pauta” de plantão. Mas tanto lá como aqui são confirmações de que os pensamentos são coisas: formas-pensamento autônomas que dão ao “mal estar da civilização” (através da grande mídia em seus momentos de conflagração político-ideológica, oposição e guerra para desestabilização política)  uma narrativa, lógica e com sentido. Para o gênio sincromístico sair da garrafa e nunca mais querer voltar.

terça-feira, outubro 10, 2017

Gestão midiática de Doria Jr. promove pobres a biodigestores de lixo orgânico


Vivemos tempos realmente estranhos. Chegamos no futuro e parece que a realidade começa a realizar, de maneira irônica, as distopias sci fi dos anos 1970 como por exemplo, “No Mundo de 2020” (Soylent Green, 1973, com Charlton Heston) no qual uma empresa produzia um tablete verde para alimentar as massas pobres, enquanto somente a elite tinha comida de verdade. Confirmando a vocação paulistana vanguardista de laboratório para o “brave new world”, o prefeito João Doria Jr. anuncia o programa “Alimento para Todos”, numa parceria com a Plataforma Sinergia para processar restos de alimentos que se transformarão em um “granulado nutritivo” para a “camada mais pobre da sociedade” – seguindo a trilha do Japão que já possui “carne de excrementos humanos”. Como “gestor sustentável”, Doria Jr. acredita que todos ganharão: não haverá nem desperdício e nem fome. Se no filme de 1973 tudo era envolto em uma conspiração, hoje tudo é cinicamente explícito através da “Pobretologia” - resolver o problema do Capitalismo que produz restos (pobres, famintos, desempregados, idosos, aposentados, excluídos etc.)  e que precisam ser reciclados de forma cinicamente “sustentável”: desempregados viram empreendedores, idosos se convertem em target de consumo chamado “Melhor Idade” e pobres viram biodigestores de restos orgânicos.

domingo, outubro 08, 2017

Em "Mãe!" o conflito cósmico no psiquismo de cada um de nós


Com “Mãe!” (Mother!, 2017), o diretor Darren Aronofsky (“Pi”, “Fonte da Vida” e “Noé”) confundiu crítica e público: enquanto os distribuidores classificavam o filme como “terror” ou “mistério” para o público, os críticos tentam entendê-lo como alguma coisa entre Polanski e De Palma. Mais uma vez, o diretor desafia a todos com sua hermética simbologia herética e gnóstica com incursões pela mitologia judaica, cabalística e cristã. A novidade é que “Mãe!” alcança o nível mais alto de abstração da carreira cinematográfica de Aronofsky ao transformar um casarão em metáfora do centro do conflito da Cosmologia gnóstica: a tensão entre Sophia (o Feminino Divino) e o Demiurgo (a divindade inferior com os seus agentes, os Arcontes). Conflito que acompanha o mundo desde a sua Queda, Criação, Destruição e Recomeço. E o mistério que envolve os moradores daquele casarão (um poeta e sua esposa) como a parábola de como essa tensão cósmica se reflete no psiquismo de cada um de nós.

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