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sexta-feira, março 08, 2024

Do "gato de Schrödinger" à parapolítica no filme 'Infinitum: Subject Unkown'


O famoso experimento imaginário do “Gato de Schrödinger” proposto pelo físico quântico em 1935 incendiou a imaginação tanto literária quanto cinematográfica: mundos paralelos coexistindo no mesmo tempo-espaço. O filme experimental “Infinitum: Subject Unkown” (2021, disponível na AmazonPrime Video), feito em pleno lockdown da Covid em Londres com um Iphone por uma equipe remota, é mais um exemplo. Conecta Schrödinger com especulações de como todas as grandes potências mundiais têm trabalhado em universos paralelos e telecinesia por décadas - operações geopolíticas através da parapolítica. Uma mulher acorda em um sótão estranho, amarrada a uma cadeira, ela não tem ideia de onde está ou quem é. Está presa também em um loop temporal. Escapa e embarca em uma jornada por um mundo paralelo vazio, levando-a a um laboratório de pesquisa de ciência quântica no meio do nada. Um quebra-cabeças que terá que resolver para encontrar a verdade. Seja em que mundo for.

sexta-feira, novembro 24, 2023

Determinismo quântico e existencialismo gnóstico na série 'Corpos'


Liberdade versus Determinismo foi um tema que sempre assombrou a Filosofia. Com a morte de Deus e da causalidade newtoniana por meio da Relatividade e da mecânica quântica, parecia que o livre-arbítrio tinha ganhado a discussão. Até surgir o paradoxo quântico do “Closed Timelike Curve” (CTC), linha do tempo fechada na qual se inspirou o clássico “Em Algum Lugar no Passado” (1980) - situações paradoxais nas quais partículas parecem ter surgidas do nada, revivendo o determinismo em um outro nível. A série Netflix “Corpos” (Bodies, 2023- ) eleva o paradoxo da CTC ao nível do existencialismo gnóstico da “Teodiceia”: é possível existir livre-arbítrio num mundo criado por um ser que tudo sabe? Quatro detetives em quatro períodos diferentes no tempo investigam um mesmo crime – um corpo que aparece numa mesma viela em Londres. Todos unidos em um loop tempo/espaço envolvido em uma conspiração em um ciclo fechado de 150 anos. 

segunda-feira, março 13, 2023

'Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo': Matrix na era quântica vence Oscar 2023


Passamos metade da nossa vida cometendo erros, e a outra metade tentando corrigi-los. O impacto da física quântica na cultura moderna foi estender ainda mais a angústia existencial: e se tivéssemos feito outras escolhas? Quais teriam sido minhas outras linhas do tempo? Viagens exponenciais no tempo e multiversos são os impactos na cultura pop de paradoxos quânticos como “o gato de Schrödinger” e a Interpretação dos Muitos Mundos de Hugh Everett. “Tudo em Todo Lugar ao Mesmo Tempo” (2022) é uma rara visão cinemática que extrapola ao limite esses paradoxos, levando sete dos 11 prêmios que concorria no Oscar 2023: uma estressada sino-americana dona de uma lavanderia quase falida e com relações familiares em crise é arrastada para uma batalha cósmica em um anárquico redemoinho narrativo de multiversos - uma verdadeira Matrix da próxima era da computação quântica.

quarta-feira, janeiro 05, 2022

A incerteza do detetive gnóstico e pós-moderno na série 'Gente Ansiosa'


Conan Doyle e Agatha Christie criaram os detetives arquetípicos da Modernidade: Sherlock Holmes e Hercule Poirot: embora conhecedores da natureza humana, tratam a investigação como uma ciência exata - lógica e raciocínio. Porém, a descoberta do princípio quântico da incerteza do observador, mais do que uma descoberta da Física, impactou a cultura do século XX. E, principalmente, a figura literária do Detetive: a tentativa de solucionar um enigma sempre se volta para ele mesmo. O Detetive sempre será também uma peça do mistério que tenta solucionar. A série Netflix sueca de humor negro “Gente Ansiosa” (Folk Med Ångest, 2021) é mais um exemplo desse Detetive pós-moderno e gnóstico, cuja solução de um enigma (um assalto frustrado que terminou com reféns improváveis) passa pela compreensão de uma ferida psíquica da juventude de um obsessivo investigador da polícia.

sábado, outubro 30, 2021

Cinetanatologia: imagens do pós-morte no cinema falam mais dos vivos do que dos mortos



Sabemos o que é morrer, mas nada sabemos sobre o que vem depois. A não ser testemunhos de supostos espíritos ou as controversas experiências de quase-morte tão estudadas por médicos, psiquiatras e neurocientistas. Mas há também as representações do cinema e audiovisual. Uma verdadeira “Cinetanatologia” na qual fala-se muito menos do Grande Além e muito mais das mazelas do mundo dos vivos – as representações fílmicas do pós-morte seriam verdadeiros sismógrafos das ansiedades ou temores de cada época, criando modelos diferentes de “céus” ou “infernos”: de representações objetivas a solipsistas. Porém, o século XXI revela uma mudança nas representações: deixa de ser um momento conclusivo ou de passagem para algo totalmente outro, tornando-se um evento absolutamente banal – continuação da mesma banalidade de quando éramos vivos. Ou uma prisão cósmica de multiversos quânticos e de inspiração gnóstica.

quarta-feira, agosto 04, 2021

Descendo a toca do coelho quântico no filme "The Mandela Effect"


Muita gente possui em comum falsas memórias: de filmes que jamais foram feitos, de lembranças de nomes, logotipos, caixas de jogos de mesa e personagens de desenhos animados bem diferentes do que são na realidade. Mas qual realidade? Essa é a questão principal do chamado “Efeito Mandela”, fenômeno viral no qual muitas pessoas começam a descobrir que têm as mesmas falsas memórias dos mesmos eventos – produzindo conspirações quânticas como a experiência do gato de Schrödinger, a hipótese dos Muitos Mundos e a teoria do Universo como uma simulação computacional. Tudo isso inspirou o filme independente “The Mandela Effect” (2019): inconformado com a morte da sua pequena filha em um acidente, um designer de games de computador desce pelo buraco da toca do coelho quântico do Efeito Mandela acreditando que em alguns desses mundos das suas falsas memórias ela esteja ainda viva. Mas o filme apresente indícios de que a explicação do Efeito Mandela pode estar no fenômeno da hiper-realidade. 

sexta-feira, fevereiro 12, 2021

A solidão do Universo simulado no documentário 'A Glitch in the Matrix'



Muitos antes do filósofo Jean Baudrillard denunciar que o mundo estava dominado pela hiper-realidade dos simulacros, as irmãs Wachowski fazerem a “Trilogia Matrix” e o filósofo e matemático Nick Bostron lançar a suspeita de que o Universo poderia ser uma simulação (fazendo físicos e astrofísicos correrem atrás de provas), o lendário escritor Philip K. Dick defendia para uma audiência atônita, em 1977, que vivemos numa realidade programada por computador. Na verdade, apenas um dos diversos mundos simulados. Baseado na filmagem dessa palestra de PKD em Metz, França, o diretor Rodney Ascher (“Room 237”) lançou o documentário “A Glitch in the Matrix” (“Uma Falha na Matrix”, 2021) no qual entrevista cientistas, artistas digitais e pesquisadores. Ascher não quer tanto entender a lógica da teoria, mas entender o que leva as pessoas a acreditarem na hipótese da simulação: solipsismo? Solidão? Algum mal-estar espiritual entre o Céu e a Terra? 

terça-feira, fevereiro 09, 2021

A recorrência da teoria do universo como game de computador em 'Bliss: Em Busca da Felicidade'


O cineasta Mike Cahill (“Another Earth” e “I Origins”) é obcecado em discutir as linhas que separam a ilusão da realidade. E a produção da Amazon Prime “Bliss: Em Busca da Felicidade” (2021) não é diferente: recém-divorciado e após receber o comunicado de demissão do seu chefe, Greg se vê num abismo emocional até conhecer uma misteriosa mulher sem-teto que tenta convencê-lo de que o mundo ao seu redor não passa de uma simulação computacional. Ao lado de “Wanda Vision” e do documentário “A Glitch in The Matrix”, é o terceiro lançamento nesse início de ano sobre o tema do universo como um game de computador. Qual sintoma cultural pode representar essa recorrência temática em tão poucas semanas?

terça-feira, dezembro 15, 2020

Série 'Travelers': por que precisamos da viagem no tempo?


A partir de 2016, o cinema e audiovisual (principalmente séries) vive um surto de narrativas sobre a viagem no tempo. Principalmente envolvendo a mitologia da segunda chance: a ciência relativística e quântica parece ter trazido mais angústias existenciais do que respostas. E as sombrias previsões políticas, econômicos e climáticas, só alimentam ainda mais essa angústia. A série original Netflix “Travelers” (2016-18) é mais uma estória sobre “segunda chance”, dessa vez para a história humana: através de “hospedeiros”, viajantes do futuro chegam no século XXI para desfazerem uma cadeia de eventos que levará o mundo a algum tipo de catástrofe climática e econômica futura que transformará o planeta num mundo árido e hostil. Depois dos deuses, messias e discos voadores vindos dos céus, agora a esperança vem através de viajantes do Tempo. 

quarta-feira, dezembro 09, 2020

Biocentrismo e imortalidade quântica no filme 'No Limite do Amanhã'


Na superfície, “No Limite do Amanhã” (“Edge of Tomorrow”, 2014, agora disponível na Netflix) é mais um sci-fi daqueles que gostam de heróis com armaduras robóticas enfrentando monstruosos aliens com muitas explosões em computação gráfica. De fato, Tom Cruise gasta os seus cinquenta anos, mais uma vez, tentando salvar o mundo. Mas, dessa vez, em um alto conceito presente no cinema desde os clássicos “Matadouro 5” (1972) e “O Feitiço do Tempo” (1993): um protagonista prisioneiro em um loop temporal, repetindo indefinidamente o mesmo dia até a sua morte. Porém, “No Limite do Amanhã” acrescenta o toque da mecânica quântica: a interpretação dos Muitos Mundos onde o simples fato de observar provocaria efeitos no mundo atômico – a bifurcação na qual todas as opções ocorrem, criando muitos mundos. Disso decorreria a hipótese do “biocentrismo”: nossa consciência persistiria nesses múltiplos mundos, criando uma imortalidade quântica. 

domingo, novembro 08, 2020

Blog lança versão impressa de 'Cinema Secreto' no Encontro Internacional de Cultura Gnóstica

Neste domingo (08/11) este editor do “Cinegnose” participou do evento on line Encontro Internacional de Cultura Gnóstica, quando lançou a versão impressa do livro “Cinema Secreto: Temas Gnósticos, Alquímicos e Quânticos no Cinema, Audiovisual e Cultura Pop” – já lançado no mês passado na versão e-book Kindle. Abordando o tem “O Divino Casal: Autoiniciação e Autoconhecimento através do Cinema Gnóstico, este humilde blogueiro resumiu as principais teses contidas no livro. Veja o vídeo.

quarta-feira, outubro 14, 2020

Descendo pela toca do coelho da viagem no tempo com Christopher Nolan em 'Tenet'


Um filme opulento em que o estrondoso orçamento de US$ 200 milhões aparece em cada enquadramento. Somente o diretor Christopher Nolan poderia obter tamanho orçamento com um roteiro original. Em “Tenet” (2020) ecoam todos os temas de seus filmes anteriores (Amnésia, A Origem, Interestelar, Dunkirk etc.), chegando ao estado da arte de um tema recorrente na sua obra: a desconstrução da realidade. Em “Tenet”, Nolan combina conceitos abstratos (entropia invertida, viagem no tempo, universos em colisão etc.) com o gênero mais norte-americano do cinema: os filmes de perseguição. Uma bomba espaço-tempo invertida é enviada do futuro com o objetivo de destruir a nossa geração, a causadora do futuro apocalipse climático. Um rico e poderoso traficante de armas tenta reunir os fragmentos do dispositivo escondidos no tempo. Enquanto um grupo de agentes especiais tentam detê-lo. Acompanhamos uma guerra no tempo entre universos com tempo-espaço invertidos. Que muitas vezes ocorrem na mesma sequência, batalhas impossíveis no mesmo espaço-tempo. Nolan desafia o espectador a descer pela toca do coelho da viagem no tempo.

domingo, outubro 04, 2020

O terror interdimensional gnóstico em 'Intersect'


O tema da viagem no tempo no cinema certamente é aquele em cujo pressuposto está uma das grandes discussões da Filosofia: livre-arbítrio X determinismo, a esperança de que através da tecnologia o homem vencerá a entropia da seta do Tempo. Mas com o auxílio luxuoso do horror cósmico de HP Lovecraft, o filme “Intersect” (2020) encerra de vez essa esperança. Se a viagem do tempo moderna é quântica (múltiplas dimensões e timelines) ela se aproxima da mitologia Gnóstica dos “muitos céus” - em cada um deles, entidades malévolas chamadas “Arcontes” mantêm o homem na ilusão para aprisiona-lo no mundo material. Em “Intersect”, um grupo de jovens cientistas cria uma máquina do tempo. Para confirmar a mitologia gnóstica dos Arcontes: somos manipulados por forças invisíveis interdimensionais.

quinta-feira, setembro 24, 2020

Cinegnose lança livro 'Cinema Secreto: temas gnósticos, alquímicos e quânticos no cinema, audiovisual e cultura pop'

Este editor do Cinegnose está lançando o livro: “Cinema Secreto: Temas Gnósticos, Alquímicos e Quânticos no Cinema, Audiovisual e Cultura Pop”. O livro é o resultado dos dez anos de pesquisa deste blogue em mapear as principais mitologias gnósticas presentes no cinema (o Mito do Demiurgo, o Mito da Alma Decaída, o Mito do Salvador, o Mito do Feminino Divino etc.) e a sua categorização: filmes CosmoGnósticos, TecnoGnósticos, PsicoGnósticos, AstroGnósticos e CronoGnósticos. E as implicações tanto na cultura pop quanto na Ciência que esse conjunto de filmes sugere: as conexões do Gnosticismo com as filosofias herméticas, Alquimia e Física Quântica. 

sexta-feira, agosto 28, 2020

Quando o eletromagnetismo abriu portas para estranhos mundos no filme "A Vastidão da Noite"

Estamos no final dos anos 1950. Há algo no céu nos arredores de uma pequena cidade em uma noite em que todos estão no ginásio assistindo à uma partida de basquete. Menos dois jovens em seus empregos noturnos: ele, na estação de rádio; e ela como telefonista da central da cidade. Rádio e telefone, eletromagnetismo e eletricidade: essas duas descobertas abriram a humanidade para o mundo desconhecido micro e macro (o quântico e o cósmico): e a possibilidade de formas de comunicação com outros mundos ou dimensões. O filme “A Vastidão da Noite” (“The Vast of Night”, 2019) capta essa atmosfera misteriosa que cercou o eletromagnetismo, desde 1899 quando o físico Tesla acreditou ter recebido sinais codificados vindos do espaço. Paranoia da invasão soviética na Guerra Fria, interferência da CIA, visitantes alienígenas, fantasias adolescentes, tudo envolve uma misteriosa transmissão de rádio que invade as linhas telefônicas naquela noite.

sábado, agosto 01, 2020

Série "Dark" Temporada 3: uma luz gnóstica no fim da caverna


A terceira e última temporada da série “Dark” (2017-2020) confirma aquilo que todos suspeitavam: toda a complexidade da narrativa está repleta de “paradoxos de inicialização” ou aquilo que em Física chama-se CTC – Closed Timelike Curve – linha de tempo fechada, inspirada em clássicos como “Em Algum Lugar do Passado” (1980). Como, então, os criadores da série poderiam dar uma solução aos ciclos aparentemente infinitos sem criar um final aberto e com muitas pontas soltas? Assim como nos acostumamos a ver em muitas séries do gênero, desde “Lost”. A luz no final do túnel (ou da caverna, no caso) foi a mitologia gnóstica: uma releitura de Adão e Eva do Paraíso bíblico e a Criação como um acidente. E o estranho mundo da mecânica quântica como a confirmação da secreta suspeita dos gnósticos: o Universo é imperfeito por ter sido obra de um acidente cosmológico.

domingo, julho 19, 2020

Série "Dark": o campo unificado da ciência com a tradição mística ocidental


A série alemã “Dark” (2017-2020) coloca o último grão de areia que faltava na ampulheta das viagens no tempo no cinema e audiovisual: a “Teoria de Tudo” ou do “Campo Unificado” - ao lado dos campos nucleares (fortes e fracos), eletromagnético e da força gravitacional, também o campo do conhecimento hermético. A grande novidade na abordagem de “Dark” sobre a viagem no tempo é que ela não é exatamente sobre o “Tempo”, no sentido dado pelos cânones da ficção científica. Viagem no tempo tem a ver com metáforas de passagens, túneis, buracos negros, buracos de minhoca, labirintos criados pelas diferentes linhas de tempo. Tudo isso remete à milenar mitologia das cavernas (elemento central na série), que condensa a tradição mística Ocidental: Tábua de Esmeralda, Alquimia, Ouroboros etc. – Imitar Deus dominando o Tempo para escapar do loop que nos prende ao perverso eterno retorno criado por Ele.

sábado, junho 27, 2020

A incerteza quântica do Detetive em "O Turista Suicida"


Os impactos da descoberta do Princípio da Incerteza na mecânica quântica de Heisenberg foram muito além do campo científico – transformou o modo de constituição da subjetividade na modernidade: de qualquer ponto que pensemos a nossa vida, encontraremos um mundo fragmentado e incompreensível povoado por gente cujos compromissos e motivações não são claros. Por isso somos todos Detetives, personagem principal da Modernidade da literatura ao cinema. Sua tentativa de solucionar um enigma sempre se voltará contra ele mesmo. “O Turista Suicida” (Selvmordsturisten, 2019) é mais um exemplo de como a incerteza quântica faz parte da sensibilidade moderna: um investigador de uma seguradora tenta solucionar o enigma da morte de um segurado, envolvendo o “Hotel Aurora” – um resort elegante nas montanhas escandinavas que promete uma “morte assistida” ou “um belo final”. Porém, sem saber o detetive está investigando a si mesmo. Filme sugerido pelo nosso colaborador Felipe Resende.

domingo, maio 31, 2020

Na série "The Midnight Gospel" zen-budismo é a filosofia perfeita para nosso universo simulado


Cada episódio da série de animação “The Midnight Gospel” (2020-) é um intensivo exercício pop de meditação: tentamos acompanhar os longos diálogos sobre vida e a aceitação da morte sobre o ponto de vista zen-budista, enquanto os protagonistas estão em mundos de colorido intenso e muitas vezes com violência gráfica pesada que tenta desviar nossa atenção. Como se a narrativa nos obrigasse a buscar o silêncio interior perante o caos barulhento da realidade. O protagonista Clancy faz entrevistas para um “spacecast” em um Universo dentro de simuladores cuja interface é análoga a games de computadores. É exatamente essa a ironia metalinguística central do filme: seres de um universo simulado cujas reflexões zen-budistas de que “tudo é um vazio de qualidade inerente” ou de que “vivemos em uma ilusão” é a filosofia perfeita para entidades digitais vazias e sem alma. A série flerta com o niilismo e solipsismo: seriam as filosofias orientais perfeitas para a nossa condição existencial de vivermos num Universo simulado análogo aos mundos de “Midnight Gospel”?

sábado, março 14, 2020

Série "Rick e Morty": qual bateria o nosso universo alimenta?


Rick and Morty (2013-) é uma das séries de animação atuais que mais explora a complexidade da mitologia gnóstica. Mas não apenas como um simples sci-fy: fã da dupla Doc e Marty do filme clássico “De Volta Para o Futuro”, o criador Justin Roiland queria fazer uma releitura, mas sem viagens no tempo e indo mais além - como a descoberta de infinitos planetas e multiversos (às vezes com versões melhoradas de nós mesmos) nos leva à amoralidade, o niilismo e o relativismo existencial. Mas é no episódio “The Ricks Must Be Crazy” que a série consegue materializar a totalidade da cosmologia gnóstica: mundos dentro de mundos criados com uma única finalidade – manter a bateria do veículo de Rick funcionando. E o nosso mundo, gera energia para quem? Teurgia, Alquimia e Vale do Silício se encontram num dos melhores episódios da série.

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